Até os trinta e poucos anos de idade fui um fumante inveterado. Também o era, um sócio do escritório de advocacia.
Quando parei de fumar e senti os benefícios da abstinência, passei a incentivar aquele sócio a seguir os meus passos.
Para ele o que ajudou de forma decisiva para abandonar o vício do cigarro foi o uso do cravo.
Não sei se alguém o orientou para tanto, mas tão logo seguiu meus passos, sempre tinha à mão um pacotinho de cravos da índia. Volta e meia tirava um cravo do bolso e colocava na boca. Por certo, o gosto forte do codimento neutralizava o desejo de fumar.
Tínhamos um amigo em comum, médico, fumante compulsivo e dotado de um excelente senso de humor.
Meu sócio, já bastante empolgado com o próprio sucesso, passou a investir seus argumentos na direção do nosso amigo, tentando trazê-lo para o nosso lado, principalmente pelo fato de ele ser médico.
Mais do que ninguém ele sabia dos malefícios do tabaco e resolveu adotar o método do cravo. Não sei se com ele a receita funcionou de forma perene. Mas no período de abstinência que se seguiu à sua conversão, testemunhei um comentário feito por ele numa roda de amigos.
Afirmava, em forma de gozação, que o Cláudio era um excelente amigo, pois o havia ajudado a largar o vício do cigarro, e complementava:
- É bem verdade que agora estou viciado em cravo...
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