QUALQUER SEMELHANÇA
José Horta Manzano
“As promessas mirabolantes tiveram êxito e deram nisso que aí está: na chefia do governo, um demagogo incompetente e atrabiliário, que só vive de aparências, pois, na realidade, nada de útil e de bom fez para o povo.
Ao contrário, tem se notabilizado pela maldade, pela prepotência e pela intolerância com que governa um povo pacífico e bom. Só é notado pelos atos de perseguição e de vaidosa exibição de um cabotismo doentio.
Sem os amigos, que traiu com a maior sem-cerimônia deste mundo, só lhe restam a inveja e a ambição que alimentam seu personalismo soberbo e delirante.”
Se você leu a citação acima, sabe quem é o alvo do discurso. Não precisa nem dizer o nome. Certo?
Errado, distinto leitor, errado. Não se trata do doutor que nos preside. Neste caso, qualquer semelhança será mera coincidência.
O texto foi escrito há 63 anos, numa época em que Bolsonaro ainda usava fralda. O autor, Martinho di Ciero, era deputado estadual paulista na legislatura 1955-1959. O artigo foi publicado no jornal O Dia (do Rio de Janeiro) e repicado na Folha da Manhã (de São Paulo).
O objeto da fúria do parlamentar era Jânio Quadros, então governador do estado. E pensar que, apesar de toda a incompetência já flagrante, o homem se tornaria presidente da República menos de quatro anos mais tarde. Iludir o bom povo sempre foi fácil.
Como se vê, doutor Bolsonaro não é o primeiro dirigente a carregar um «personalismo soberbo e delirante». Nem será o último, infelizmente.
Fonte: https://brasildelonge.com
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