Carlos Brickmann
Bolsonaro erguer uma caixinha de hidroxicloroquina com os braços estendidos acima da cabeça, como Bellini, que celebrizou o gesto ao festejar nossa primeira Copa do Mundo, é ridículo. Insistir em louvar a hidroxicloroquina para as emas é ainda mais ridículo. Devolver ao Governo Federal a hidroxicloroquina que receberam de presente, como fizeram alguns Estados, é tão ridículo quanto. E nocivo: a hidroxicloroquina é remédio padrão para malária, para lúpus, usada nestes casos há mais de 70 anos. Deixar os pacientes à míngua, ou pagando o triplo, é inaceitável, além de ridículo. Pode-se ir mais longe: se o médico prescreve hidroxicloroquina e o paciente concorda, por que impedi-los de combater a Covid de seu jeito?
Há uma explicação lógica para a devolução da hidroxicloroquina à União. Os três milhões de doses que o Brasil ganhou de Trump e da Novartis vieram em cartelas de cem comprimidos, que deveriam ser fracionadas em cartelas de menos de cinco comprimidos. É tarefa para um exército de farmacêuticos, e cara. Como não havia verba para o fracionamento, devolveu-se o remédio.
É uma explicação simples, lógica e imbecil. Se o remédio veio de graça, que se enviem as cartelas às farmácias populares para distribuição gratuita. E sejam entregues aos médicos que as solicitarem. O que não se admite é deixar sem remédio que dele necessita – para malária, lúpus ou coronavírus.
Chega de política partidária em Saúde. Deixem o médico trabalhar.
Fonte: http://www.chumbogordo.com.br
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