Todos os lugares do mundo
Sou leitor do Estadão, acompanho semanalmente sua coluna e gostaria de parabenizá-lo pelo excelente trabalho de informações e esclarecimentos ao público em geral. Como sabemos, o número de países é um tanto confuso – se assim posso dizer – e talvez poderíamos levar em conta o que a ONU divulga em termos de número de países soberanos/independentes, 193. Enfim há controvérsias. A pergunta: quantos e quais os países faltantes em sua lista e qual o seu plano de visita? Sérgio Mastrorosa, por e-mail
“Well, dear Sérgio, sua pergunta é muito simpática, mas muitos já a fizeram de uma maneira ou de outra. However, my friend, vou tentar respondê-la com um pouco mais de detalhes, porque percebo que os leitores parecem dar grande importância ao tema. Minha primeira consideração é saber, exactly, o que significa ‘países faltantes’. Os que eu não visitei? Ou os que eu já visitei e hoje mudaram de soberania?
O Sudão do Sul, for instance. É um país recém-criado em que, confesso, nunca estive, até porque Trashie, minha raposa das estepes siberianas, não suporta o calor daquela região e acaba aguando demais o seu single malt. However, estive em Juba, sua capital, umas duas os três vezes. Na primeira, if I remember, o Sudão do Sul ainda era parte do Sudão Anglo-Egípcio, antes de 1956. Também voltei a passar por lá – às margens do Nilo Branco – quando Juba pertencia ao Sudão, cuja capital é Cartum. Therefore, dear Sérgio, fico sem saber… Estive ou não estive no Sudão do Sul? (Observe que eu não uso o verbo conhecer porque, in fact, ninguém chega a conhecer um lugar, por mais vezes que o visite).
Essa questão, I’m afraid, se aplica a outros lugares em que estive antes mesmo de eles se tornarem o que são hoje. Visitei Pyongyang, na Coreia do Norte, em priscas eras. Ela nem sequer existia, o que só ocorreu depois do armistício de 1953, quando a Coreia, pobrezinha, foi impiedosamente cortada ao meio. Ou seja: já fui, mas não fui. Como esses, há outros inúmeros exemplos.
Jamais fui um colecionador de países. Therefore, nunca tive a preocupação de contá-los, nem de colocar alfinetes em um mapa-múndi. O número que se vê ao pé desta coluna é apenas o resultado de um levantamento superficial que eu fiz, nos anos 60, a pedido de uma apaixonante repórter do jornal San Francisco Chronicle. Confesso que o produzi pelo único motivo de marcar um novo encontro com ela – o que foi, I remember, uma ótima ideia!
Foi apenas, as you say, um chute! Mas, recently, decidi tirar isso a limpo: resolvi dar uma olhada no Atlas que existe na casa de tia Muriel, em Newcastle. É um exemplar bem novo e atualizado. Constatei, que, oh, my God… eu já estive em todos os países do planeta! Todos mesmo, exceto aqueles que mudaram de nome ou de dono, como expliquei no começo deste texto. Mas para que vale tudo isso?
Eu não sou um matemático, nem aposto comigo mesmo para ver quanto tempo levo para completar um livreto de palavras cruzadas. Não existe, as you know, um Prêmio Nobel para quem viajou mais. E nem deveria existir, by the way. Tudo o que conquistei foi a oportunidade de conhecer grande parte do planeta em que existo – e que me pertence, pertence a você e a todos os leitores! Essa façanha, dear Sérgio, será relativa em um futuro ainda insondável, quando o homem tiver a possibilidade de explorar planetas e galáxias. Quando formos mais longevos.
Por ora, tudo o que adquiri – and I’m very proud of it – foi a possibilidade de ter mais referências, mais base para comparações, mais aromas para aspirar e sabores para apreciar. Ainda falta muito! Se eu tiver saúde, quero continuar essa jornada até o ponto em que as fronteiras políticas tenham mudado tanto que eu tenha de começar a ver tudo de novo. Mesmo que continue sendo o que já vi.”
Fonte: O Estadão
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