VINGANÇA APIMENTADA
O panorama é o usual em colônia de município de menos de 30 mil habitantes no interior do RS. Calejada pelos azares da vida, pelo peso do trabalho de quase três décadas de sol e chuva, a agricultora de 52 anos de idade fica aturdida ao descobrir que o marido, um motorista da Prefeitura, depois de 27 anos de casamento, mantem um caso com fogosa jovem de 25 anos.
Repetidas noites, a agricultora tenta ser insinuante para reconquistar a exclusividade do marido - mas em vão. E a cada manhã que se sucede à alcova infeliz da véspera, ela arquiteta a vingança, após repartir com a filha e com uma amiga, a dor moral de ter sido enganada.
Munem-se as três da “arma” de vingança. Não uma espingarda, nem pistola, muito menos o facão. Mas algo discreto, de uso rotineiro na preparação do almoço caseiro, objeto capaz de ser escondido debaixo da saia. E assim se vão à casa de Rosineide.
O encontro é rápido: palavrões, tapas, a imobilização da rival - coisa fácil de conseguir pois as partícipes da vingança são musculosas.
De imediato, o uso da "arma": um vidro com molho de pimenta malagueta. Imobilizada, Rosineide tem sua calcinha retirada e a agricultora pinga, com vigor, diversas gotas do tempero, pertinentemente aplicadas justamente naquele local do corpo da moçoila que tanto chamara a atenção do motorista adúltero. Rápido, as três batem em retirada - a cena semifinal não durou mais de meio minuto.
Alertado pelos gritos da agredida, um vizinho atende o apelo ("me leva urgente para o hospital"). Prudente, ele não quer se comprometer, mas dá jeito de chamar a Brigada, que leva a vítima ao hospital, onde ela é submetida à uma lavagem ginecológica. Só depois é levada a exame de corpo de delito. O delegado instaura inquérito e o caso se torna público.
A agricultora é denunciada por infração ao artigo 129 do Código Penal, sendo condenada a cinco meses de detenção, em regime aberto. O juiz da comarca e, depois, três desembargadores do TJRS são coincidentes num ponto: “a própria ré admitiu a prática da agressão insidiosa”. No foro e na corte o caso ficou conhecido como "buuuu...o processo da malaguETA". Sempre com proposital entonação nas três letras finais do vocábulo.
Um ano depois, na comarca, o mesmo juiz consegue transformar em consensual a separação do casal. Consta na cidade que o motorista e Rosineide estão juntos, constituindo um novel e regular casal.
Operadores forenses locais convictamente garantem que gotas de pimenta, rigorosamente, não entram no cardápio culinário do casal. Muito menos em outros locais...
Fonte: www.espacovital.com.br
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