domingo, 10 de maio de 2020

NO COLO DE UMA MÃE

NO COLO DE UMA MÃE
Karine Borges de Liz

No colo de uma mãe pode caber tanto
Da mais ingênua alegria
Ao mais sentido pranto
Os medos e as agonias
A fome e o espanto
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo do acalanto.

No colo de uma mãe pode caber tanto
A travessura mais atrevida
A malcriação na despedida
Da infância para a adolescência
Cabe a sabedoria da experiência
De saber iniciar conversa difícil
E de encerrar alguma inútil contenda
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que nos entenda.

No colo de uma mãe pode caber tanto
A noite mal dormida
A ilusão esmaecida
Pela crueza da realidade
Cabe um brinquedo antigo, um ralado de joelho
Um sorriso de saudade
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que nos livre de toda maldade.

No colo de uma mãe pode caber tanto
Que até Deus a ele recorreu
Ao pé da cruz estava Maria
Recebendo nos braços o Filho morto que outrora à luz deu
E nessas horas amargas não importa a crença
Nem se se é santo, pecador ou ateu
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que ao final de tudo amorosamente nos diga:
- Venha cá, filho meu!
Karine Borges de Liz
Maio/2020.

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