NO COLO DE UMA MÃE
Karine Borges de Liz
No colo de uma mãe pode caber tanto
Da mais ingênua alegria
Ao mais sentido pranto
Os medos e as agonias
A fome e o espanto
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo do acalanto.
No colo de uma mãe pode caber tanto
A travessura mais atrevida
A malcriação na despedida
Da infância para a adolescência
Cabe a sabedoria da experiência
De saber iniciar conversa difícil
E de encerrar alguma inútil contenda
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que nos entenda.
No colo de uma mãe pode caber tanto
A noite mal dormida
A ilusão esmaecida
Pela crueza da realidade
Cabe um brinquedo antigo, um ralado de joelho
Um sorriso de saudade
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que nos livre de toda maldade.
No colo de uma mãe pode caber tanto
Que até Deus a ele recorreu
Ao pé da cruz estava Maria
Recebendo nos braços o Filho morto que outrora à luz deu
E nessas horas amargas não importa a crença
Nem se se é santo, pecador ou ateu
No fundo e no final queremos esse colo
Abençoado colo que ao final de tudo amorosamente nos diga:
- Venha cá, filho meu!
Karine Borges de Liz
Maio/2020.
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