O INFINITIVO PESSOAL FLEXIONADO
Para ir ou irem? Convém ir ou irmos? A chance de eles ganhar ou ganharem? Problemas a ser ou a serem
resolvidos? Têm sido muitas as perguntas dos leitores sobre o
infinitivo, que é uma das três formas nominais do verbo, junto com o
gerúndio e o particípio. Por sua própria essência e natureza, o
infinitivo é uma expressão verbal que não comportaria flexão – é o
chamado infinitivo impessoal, que não tem sujeito
próprio e geralmente corresponde a um substantivo, por exemplo:
Trabalhar é bom = o trabalho é bom; amar é sofrer = o amor é sofrimento.
No entanto, a língua portuguesa tem a peculiaridade de poder (e às vezes dever) flexionar o infinitivo, que passa a ser chamado de infinitivo pessoal. Flexionar quer dizer conjugar em todas as pessoas: vender, venderes, vender, vendermos, venderdes, venderem. Esse infinitivo pessoal, que apresenta um fato ou uma ação de modo geral, está usualmente ligado a uma preposição – para ir, vontade de sair, interesse em ficar – ou a frases do tipo “Convém/ cumpre dizer... e É preciso/ é bom /é necessário /é importante /é possível dizer...", nas quais a oração de infinitivo tem a função de sujeito desses verbos.
O INFINITIVO FLEXIONA
1. Quando tem sujeito claramente expresso, ou seja, quando o pronome pessoal ou substantivo está na mesma oração do infinitivo, geralmente ao seu lado. É o único caso de flexão obrigatória:
- É melhor nós irmos embora já.
- Convém os idosos saírem em primeiro lugar.
- Não é interessante elas receberem tanta gorjeta.
- Farei o possível para as crianças aqui terem o conforto que tinham em casa.
2. Quando se refere a um sujeito não expresso que se
quer dar a conhecer pela desinência verbal, até mesmo para evitar
ambiguidades:
- Mencionei a intenção de vendermos a casa.
- É melhor saíres agora – está na hora de irmos embora.
- Não confiaram em nós pelo fato de serem jovens.
- Não confiaram em nós pelo fato de sermos jovens.
Observe que as mesmas frases, sem a flexão, não deixariam claro o
sujeito: “mencionei a intenção de vender” poderia significar “eu
vender”; “é melhor sair” e “está na hora de ir” pode se referir a eu, ele, ela, você; "ser jovens" deixaria ambíguo: eles ou nós?
FLEXÃO NÃO OBRIGATÓRIA
A flexão é desnecessária quando o sujeito do infinitivo [ou oração reduzida de infinitivo] é o mesmo que o sujeito ou o objeto da oração anterior, ao contrário dos casos acima. Tendo sido expresso de alguma forma na primeira oração, o sujeito já está claro, não precisando figurar outra vez no mesmo enunciado. Observe nas frases abaixo que é muito mais elegante a não flexão:
- Cometeram irregularidades só para agradar ao patrão.
- Convidou os colegas a participar do debate.
- A linguagem é o meio de que dispomos para exprimir nosso pensamento.
- Não temos interesse em adiar a decisão.
- O estudo ensinou os cientistas a proteger o algodão de pragas, a amadurecer tomates e a dobrar a produção de óleo de colza.
Vale repetir que quando não há um sujeito expresso (em outros termos: quando o pronome pessoal ou o substantivo vem antes da preposição que
rege o infinitivo), a flexão é facultativa, isto é, pode-se usar o
infinitivo no plural, embora seja mais interessante não flexionar:
- Os dados servem para guiar/ guiarem a comunicação das empresas.
- Reuniram-se os escoteiros a fim de deliberar/ deliberarem sobre o local do encontro.
- Todos discutiram uma forma de se proteger/ protegerem dos abusos.
- O calendário obrigava os candidatos a se definir/ definirem até 3 de julho.
- Grupo ajuda deficientes a superar/superarem seus limites.
- Estudantes auxiliam portadores de necessidades a ter/ terem qualidade de vida.
- Empresas aéreas colaboram com a arte sem nada cobrar/ cobrarem pelo transporte.
Fonte: www.linguabrasil.com.br
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