domingo, 31 de maio de 2020

2001 UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO

UMA DAS CENAS MARCANTES DO FILME

2001: A Space Odyssey (2001 - Uma Odisseia no Espaço é um filme norte-americano de 1968 dirigido e produzido por Stanley Kubrick, co-escrito por Kubrick e Arthur C. Clarke. O filme lida com os elementos temáticos da evolução humana, tecnologia, inteligência artificial e vida extraterrestre. É notável por seu realismo científico, efeitos visuais pioneiros, imagens ambíguas que são abertas a ponto de se aproximarem do surrealismo, som no lugar de técnicas narrativas tradicionais e o uso mínimo de diálogo. O filme é memorável por sua trilha sonora, resultado da associação feita por Kubrick entre o movimento de satélites e os dançarinos de valsas, o que o levou a usar Danúbio Azul, de Johann Strauss II e o famoso poema sinfônico de Richar Strauss, Also sprach Zarathustra, para mostrar a evolução filosófica do Homem, teorizado no trabalho de Friedrich Nietsche de mesmo nome. Apesar de ter sido recebido inicialmente de forma mista, 2001: A Space Odyssey é atualmente reconhecido pela crítica e pelo público como um dos melhores filmes já feitos. Foi indicado a quatro Oscars, recebendo um por Melhores Efeitos Visuais. Em 1991, ele foi considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significante" pelaBiblioteca do Congresso dos Estados Unidos para ser preservado no National Film Registry. 
Fonte: Wikipédia

Não há ninguém que seja árbitro verdadeiro e imparcial de si mesmo. (Dante Alighieri)

LUGARES

VALENCIA - ESPANHA
Valência é uma cidade portuária que fica na costa sudeste da Espanha, onde o rio Túria encontra o Mar Mediterrâneo. Ela é conhecida pela Cidade das Artes e das Ciências, com estruturas futuristas entre as quais estão um planetário, um oceanário e um museu interativo. Valência também tem diversas praias, algumas delas no Parque Albufera, uma reserva pantanosa nas proximidades com um lago e trilhas para caminhada. ― Google

DOIS TOMBOS E UM PÉ QUEBRADO


Pegamos um barco em Rapallo e fomos até San Fructuso, com uma breve parada em Portofino. Fizemos um lanche para prevenir a hipoglicemina, compramos garrafas d'água e nos preparamos para a aventura do dia: retornar à Portofino por uma trilha no meio do mato, num tempo estimado entre duas e duas horas e meia. O bar onde fizemos o lanche era bem rústico e a escada com degraus irregulares. Ao sairmos para iniciar a caminhada pisei em falso. Torci o joelho e cai no chão. Preciso dizer que tenho um joelho prejudicado por conta de uma cirurgia de meniscos realizada em 1977. Naqueles poucos segundos da minha queda, projetou-se em minha mente o filme do momento em que machuquei o joelho e das consequências que se seguiram. Pensei no pior. Me vi deitado numa maca e sendo carregado para o barco, antevendo as dificuldades para prosseguir a viagem, praticamente impossibilitado de dirigir. Bem devagar consegui levantar e colocar as ideias em ordem. Mentalmente examinei todo meu corpo, firmei-o na perna direita, a machucada, e percebi que fora apenas um susto.

Depois de me certificar de que nada demais havia acontecido, iniciamos a caminhada que ao final resultou num ótimo programa, com visuais fantásticos. O segundo tombo deu-se com a Lourdes e foi mais grave. Eram os últimos dias da viagem. Devolvemos o carro em Florença e nos instalamos na vizinha Montecatini Terme. A partir daí ingressamos numa excursão organizada por uma agência de Florianópolis, cujos serviços vínhamos utilizando com regularidade. Roma era o nosso principal objetivo já que em outras duas oportunidades em que lá estivemos, por razões que merecem relato à parte, não conseguimos realizar os passeios que queríamos. No final da tarde, depois do jantar, saímos a caminhar pela cidade, acompanhados dos amigos brasileiros. Particularmente eu estava à procura de uma jaqueta. Em Florença eu havia encontrado o modelo que procurava, só que o tamanho era pequeno. Quem sabe em Montecatini? Entramos numa loja onde o departamento masculino ficava no subsolo.

Descemos pelas escadas e no último degrau só percebi a Lourdes caindo e logo após gemer de dor, referindo-se ao seu pé direito. O prédio era antigo, o que era possível perceber pelos degraus da escada, feitos de pedra, semelhante à mármore. As bordas estavam lisas e arredondadas, gastas pelo uso. Pois justamente o último degrau era mais estreito que os demais, com o que, a Lourdes pisou com o meio do pé na borda do referido degrau. Dai a escorregar não precisou muito. Apoiou todo o peso do corpo sobre os dedos do pé, dobrando-o. Com bastante dificuldade devido à dor, voltamos ao hotel, que era bem próximo e aquilo que pensávamos ser apenas uma torção revelou-se no dia seguinte, quando já estávamos em Roma, como sendo uma grave fratura. Assim, o nosso passeio pela Cidade Eterna ficou protelado mais uma vez. já que depois dos procedimentos médicos ficamos confinados no hotel, aguardando o retorno para o Brasil. As dificuldades do retorno ficam para outro relato.

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 30 de maio de 2020

A verdade nem sempre é bonita, porém a fome por ela, sim. (Nadine Gordimer, escritora sul-africana)

LUGARES

  1. PRAGA - REPÚBLICA CHECA

É PRECISO CHORAR

Lya Luft

Sempre me impressiona a insistência (certamente feita com a maior boa vontade) com alguém que chora a perda de marido, filho, pai, irmão: "Reage! Não chora!".

Ora, como? Como não chorar a perda trágica e irreversível de alguém muito amado? Penso que é preciso chorar, sim, não só porque é natural, mas porque faz parte dos rituais humanos que brotam do fundo da psique, agir com relação a uma dor tão grande, para aos poucos conseguir acomodá-la no peito de algum modo. E dizemos para nos consolar, "com o tempo há de doer menos".

Meus olhos ainda ficam marejados tentando assimilar, por exemplo, a perda de minha amiga Lou Borghetti, morta na plenitude de sua vida e de sua arte, assim como choro por um amigo amado, fraterno, que há um mês sofre entubado num hospital do Rio, vítima do corona. E pela perda de um filho há dois anos e meio - ou foi ontem? Pelas perdas, quero o direito de chorar.

Tenho refletido sobre o trabalho de Borghetti, antes divagado, pois não tenho cacife para bancar a crítica de arte. Penso no que me fascina em suas telas. Cores, cores, cores. Vermelhos ou azuis, mais vezes vermelhos. Sombras muito escuras espreitando ou invadindo. Insinuações de casas, de figurinhas humanas, árvores, montanhas, aqui e ali ouro resplendendo como respingos de sol.

Tudo como eu gosto e procuro na minha literatura: mais sugestões do que definições. O estilo Lou Borghetti. A arte deve ser o território maior da nossa liberdade: a mim agradam a mescla de intensidade e máxima delicadeza, insanidade e lucidez, alusões, rabiscos, pinceladas largas e generosas, ou espaços de silêncio entre palavras. Nas telas de Lou há sinais secretos, que comentei com ela mais de uma vez. Um deles é uma escadinha precária subindo para o nada, que usei em um de meus livros mais recentes, A Casa Inventada, e disse a Lou que tinha "roubado" essa imagem dela. A minha escada se perdia no nevoeiro da morte. Minha personagem começava a subir, mas desistia e voltava para a vida.

A amizade de Lou Borghetti e aquelas horas no seu ateliê me faziam bem. Ela naquele seu esplendor de vitalidade, eu já aquietada pelos anos, meio sem graça por minhas limitações com tintas e pincéis. Nos últimos tempos, ela já doente, introduziu o tema morte mais vezes nesses diálogos, com naturalidade dizia que nós duas a tínhamos encarado olho no olho, eu recém-enfartada, ela lutando com sua enfermidade. Ela havia algum tempo tinha perdido a mãe, eu, um filho: a amizade era solidária também nisso.

Então traduzo aqui versos esparsos do poema da americana Edna St. Vincent Millay, Elegia sem Música, que andei relendo:

"Não me conformo com trancarem corações amorosos na terra dura. É assim, e assim foi desde o começo dos tempos(...): entram na treva, os fortes e os adoráveis.(...). Amantes e pensadores, postos na terra. Docemente lá se vão para a escuridão da tumba. Vão alimentar as rosas. A flor é elegante e sinuosa. A flor é perfumada. Eu sei. Mas não aprovo. Mais preciosa era a luz de teus olhos, do que todas as rosas do mundo. E eu não estou conformada".

Às vezes é preciso chorar. Não me peçam o contrário.

Fonte: Zero Hora - 10/05/2020

FRASES ILUSTRADAS

sexta-feira, 29 de maio de 2020

TALENTOS NO CONFINAMENTO

TALENTOS NO CONFINAMENTO
Ruy Castro

A ponto de me tornar campeão carioca de descascar laranjas, regar as plantas e passar o aspirador

Entre as surpresas com que o confinamento nos tem brindado, estão os talentos que muitos de nós estamos exibindo. É assim, por exemplo, que, depois de surgirem nos primeiros dias com os cabelos espavoridos e de raízes subitamente brancas, nossas belas comentaristas da televisão já voltaram à forma que as consagrou. Como as profissionais com que se cuidavam também estão em casa, tudo indica que as moças da TV desenvolveram habilidades que o dia a dia não lhes permitia explorar. Para nós, espectadores, o melhor foi descobrir que nossa admiração por elas não se alterou nos dias de descabelo.

Homens e mulheres que, até há pouco, não sabiam nem abrir uma lata ou ferver água estão se revelando mestres no preparo de saladas, omeletes, nhoques e brigadeiros. Os mais ousados começaram a se aventurar na complexidade dos suflês, moquecas e crêmes brulés, e estou sabendo de uns poucos que, nestes dois meses, já pensam em produzir o Ph.D das iguarias: uma bouillabaisse. Tanta sofisticação não elimina, claro, um problema que, agora, todos estamos tendo de encarar —lavar os pratos.

O maior avanço, no entanto, está na tecnologia. Pessoas notórias por sua aversão a ela e, de tão incapazes, sujeitas a quebrar o braço ao fazer ponta num lápis, estão aprendendo a gravar vídeos pelo celular, dar aulas online pelo Zoom e comunicar-se com os amigos pelo FaceTime. A pandemia nos transformou a todos em talking heads —ninguém mais tem pernas, e é assim que nos apresentamos agora uns para os outros.

Quanto a mim, estou evoluindo de forma galopante. Logo poderei disputar o campeonato carioca de descascar laranjas, regar as plantas e passar o aspirador na casa. Há um grande prazer em saber que se executou bem essas tarefas.

Mas, no confinamento, nada supera a certeza —e o alívio— de, a cada dia, constatar que não cometemos nenhuma imprudência 15 dias antes.

Fonte: Folha de S. Paulo - 29/05/20
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão. (Vinicius de Moraes)

LUGARES

LITORAL DA BRETANHA - FRANÇA

MR. MILES

Mr. Miles

Sacoleiros do passado 

Os pratos estranhos aos quais mr. Miles referiu-se na semana passada provocaram engulhos em grande parte de seus leitores. Uma leitora goiana confessou que sempre nutriu um secreto desejo de beijar nosso correspondente britânico. “Mas agora, depois de saber que o senhor come escorpiões e morcegos, vá com essa boca para longe!”, reclamou. Já o leitor e proprietário de restaurante Ocilio Ferraz ficou entusiasmado com a leitura. “Há mais de 30 anos promovo a formiga içá (ou tanajura) como complemento alimentar, em respeito aos hábitos dos povos indígenas do Vale do Rio Paraíba, onde nasci e resido”, relatou. E, para mostrar que o assunto deve ser levado a sério, comprometeu-se a enviar-lhe uma partilha de içás com farinha de mandioca crua.

A redação, desde já, agradece em nome do homem mais viajado do mundo. Que terá grande prazer em ir até o restaurante do leitor em sua próxima visita ao país.

A seguir, a pergunta da semana:

Querido mr. Miles: confesso que comecei a viajar para comprar em Miami, onde os preços são mais baratos. E foi assim, trazendo e levando bugigangas (permitidas pela lei) que aprendi os rudimentos de ir para o exterior, enfrentar burocracia, conviver com um idioma que não conhecia e experimentar comidas às quais não estava habituada. Hoje, tenho viajado cada vez mais com base nesses conhecimentos. E, embora ainda compre alguma coisinha, acho que venci a barreira que me separava do mundo. Diga-me o que pensa sobre isso, please. (Barbara Lopes Sendini, por e-mail)

Well, dear Barbara: antes de mais nada, você merece my congratulations. O mundo fica melhor cada vez que alguém, as you say, ‘vence a barreira’ que o separa dele. Na verdade, somos nós que erguemos essas barreiras. O planeta está sempre à nossa espera e quanto mais o conhecemos e compreendemos, mais gostamos dele, cuidamos dele e deixamos de apenas – como diria Candido, de Voltaire – ‘cuidar de nosso jardim’.

Não me espanto que as suas primeiras experiências viajoras tenham sido em busca de mercadorias mais baratas. Esse, aliás, é o principio da movimentação de viajantes por terras estrangeiras desde priscas eras. Foi em busca da seda que nossos antepassados criaram estradas para unir o Oriente ao Ocidente. As especiarias, que tornaram a culinária europeia muito menos insossa, levaram navegadores a descobrir e registrar rotas marítimas no caminho das Índias. O ouro e a prata da América do Sul levaram para vossas latitudes os primeiros viajantes estrangeiros. E foi, as well, no Ceilão (N. da R.: atual Sri Lanka) que encontramos a matéria prima para o nosso chá das cinco.

As you see, as viagens ‘de compras’ foram as pioneiras da história dos viajantes. Em busca de vantagens e riquezas, os povos resolveram ganhar o mundo realizando bons negócios. Unfortunately, naqueles tempos, muitos dos viajantes não estavam dispostos a entrar em outlet stores para realizar suas barganhas. Eles preferiam simplesmente tomar as riquezas à força ou trocá-las por espelhinhos coloridos. Besides, cometiam outro erro grave: adoravam converter os nativos às suas próprias crenças ou exterminá-los em caso de resistência.

Nowadays, embora ainda existam seres estultos e arrogantes que visitem outras terras com o objetivo de ensinar – ao invés de aprender –, estamos ligeiramente mais civilizados. E, assim como você, darling, temos entendido que o ato de viajar é tão simples quanto o de respirar. Basta abrir os olhos para o mundo e, pela primeira vez, embriagar-se com o ar que entra nos pulmões.

Depois disso, nada nos impedirá de fazê-lo pelo resto de nossas vidas. Don’t you agree?”

Fonte: O Estadão

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Inteligência Militar é uma contradição em termos. (Groucho Marx)

LUGARES

ILHA DE CAPRI - ITÁLIA
Capri é uma ilha italiana situada no golfo de Nápoles (região da Campania), no mar Tirreno, a pouca distância do continente. A ilha possui uma área de cerca de 10,36 km², a maior elevação da ilha é o monte Solaro (589 m).

NÃO TROPECE NA LÍNGUA


O INFINITIVO PESSOAL FLEXIONADO

Para ir ou irem? Convém ir ou irmos? A chance de eles ganhar ou ganharem? Problemas a ser ou a serem resolvidos? Têm sido muitas as perguntas dos leitores sobre o infinitivo, que é uma das três formas nominais do verbo, junto com o gerúndio e o particípio. Por sua própria essência e natureza, o infinitivo é uma expressão verbal que não comportaria flexão – é o chamado infinitivo impessoal, que não tem sujeito próprio e geralmente corresponde a um substantivo, por exemplo: Trabalhar é bom = o trabalho é bom; amar é sofrer = o amor é sofrimento.

No entanto, a língua portuguesa tem a peculiaridade de poder (e às vezes dever) flexionar o infinitivo, que passa a ser chamado de infinitivo pessoal. Flexionar quer dizer conjugar em todas as pessoas: vender, venderes, vender, vendermos, venderdes, venderem.  Esse infinitivo pessoal, que apresenta um fato ou uma ação de modo geral, está usualmente ligado a uma preposição – para ir, vontade de sair, interesse em ficar – ou a frases do tipo “Convém/ cumpre dizer... e  É preciso/ é bom /é necessário /é importante /é possível dizer...", nas quais a oração de infinitivo tem a função de sujeito desses verbos.

O INFINITIVO FLEXIONA

1. Quando tem sujeito claramente expresso, ou seja, quando o pronome pessoal ou substantivo está na mesma oração do infinitivo, geralmente ao seu lado. É o único caso de flexão obrigatória:

  • É melhor nós irmos embora já.
  • Convém os idosos saírem em primeiro lugar.
  • Não é interessante elas receberem tanta gorjeta.
  • Farei o possível para as crianças aqui terem o conforto que tinham em casa.
2. Quando se refere a um sujeito não expresso que se quer dar a conhecer pela desinência verbal, até mesmo para evitar ambiguidades:

  • Mencionei a intenção de vendermos a casa.
  • É melhor saíres agora – está na hora de irmos embora.
  • Não confiaram em nós pelo fato de serem jovens.
  • Não confiaram em nós pelo fato de sermos jovens.
Observe que as mesmas frases, sem a flexão, não deixariam claro o sujeito: “mencionei a intenção de vender” poderia significar “eu vender”; “é melhor sair” e “está na hora de ir” pode se referir a  eu, ele, ela, você; "ser jovens" deixaria ambíguo: eles ou nós?

FLEXÃO NÃO OBRIGATÓRIA

A flexão é desnecessária quando o sujeito do infinitivo [ou oração reduzida de infinitivo] é o mesmo que o sujeito ou o objeto da oração anterior, ao contrário dos casos acima. Tendo sido expresso de alguma forma na primeira oração, o sujeito já está claro, não precisando figurar outra vez no mesmo enunciado. Observe nas frases abaixo que é muito mais elegante a não flexão:

  • Cometeram irregularidades só para agradar ao patrão.
  • Convidou os colegas a participar do debate.
  • A linguagem é o meio de que dispomos para exprimir nosso pensamento.
  • Não temos interesse em adiar a decisão.
  • O estudo ensinou os cientistas a proteger o algodão de pragas, a amadurecer tomates e a dobrar a produção de óleo de colza. 
Vale repetir que quando não há um sujeito expresso (em outros termos: quando o pronome pessoal ou o substantivo vem antes da preposição que rege o infinitivo), a flexão é facultativa, isto é, pode-se usar o infinitivo no plural, embora seja mais interessante não flexionar:

  • Os dados servem para guiar/ guiarem a comunicação das empresas.
  • Reuniram-se os escoteiros a fim de deliberar/ deliberarem sobre o local do encontro.
  • Todos discutiram uma forma de se proteger/ protegerem dos abusos.
  • O calendário obrigava os candidatos a se definir/ definirem até 3 de julho.
  • Grupo ajuda deficientes a superar/superarem seus limites.
  • Estudantes auxiliam portadores de necessidades a ter/ terem qualidade de vida.
  • Empresas aéreas colaboram com a arte sem nada cobrar/ cobrarem pelo transporte.
Fonte: www.linguabrasil.com.br

FRASES ILUSTRADAS

quarta-feira, 27 de maio de 2020

SALVE-SE QUEM PUDER

SALVE-SE QUEM PUDER
Hélio Schwartsman

Se o despreparo de autoridades é resultado da democracia, precisamos rever alguns conceitos

Juro que a última coisa que quero são as hemorroidas do Bolsonaro. O que me impressionou no incrível vídeo da reunião ministerial não foram tanto os palavrões nem as posições antirrepublicanas, que já sabíamos que viriam, mas o completo despreparo das autoridades ali presentes.

A desinteligência começa na própria ideia de gravar o vídeo. Desde Richard Nixon, nenhum político com mais de dois neurônios manda imortalizar situações que revelem a intimidade do poder, a menos que esteja obrigado por lei. No caso de reuniões de gabinete, não existe essa obrigação. Mesmo quando os participantes não confessam nenhum crime, acabam mostrando as entranhas dos processos decisórios, que nunca são bonitas de ver.

No caso específico, porém, há, se não confissões, indícios abundantes de crimes de responsabilidade e até de delitos penais ordinários. Depende só de Rodrigo Maia e de Augusto Aras o início de processos que podem levar à destituição do presidente.

O que realmente preocupa é o alheamento dos hierarcas. O Brasil atravessa uma crise sanitária sem precedentes e que deixará um rastro de destruição econômica raramente vista. As autoridades, porém, não falam nada de aproveitável sobre economia e mal mencionam a saúde. Estão mais preocupadas em adular o chefe e antagonizar adversários políticos. Parecem viver numa realidade paralela na qual só o que importa é a escatologia vascular do presidente.

Se esse é o resultado da democracia, precisamos rever alguns conceitos. Exigir que candidatos a presidente sejam aprovados no Enem e no psicotécnico talvez seja excessivo, mas acho que faz sentido reforçar um desenho institucional no qual certas decisões especialmente sensíveis tenham de passar por órgãos técnicos mais difíceis de aparelhar. Em tese, as agências funcionam um pouco com essa filosofia.

Precisamos dar um jeito de não ficar na mão de gente desse quilate.

Fonte: Folha de S. Paulo - 26/05/2020
Quando a ordem é injusta, a desordem é já um princípio de justiça. (Romain Rolland)

LUGARES

POSTOJNA - ESLOVENIA


Postojna (em alemão: Adelsberg; em italiano: Postumia) é um município da Eslovenia. A sede do município fica na localidade de mesmo nome e está situada a 35 km de Trieste, Itália. 
Nela se encontra uma das maiores atracções da Eslovenia, na forma de uma imensa gruta com 20km de galerias exploradas, aonde se pode encontrar um animal autóctone, denominado Proteus Anguinus. Cego, esguio, com quatro membros muito pequeno, este animal foi-se adaptando à vida nas grutas que abundam entre esta cidade e a península croata da Ístria.

Postojnska Jama (Gruta de Postojna, em esloveno) é visitada anualmente por milhares de turistas, que através de uma linha de caminho-de-ferro de bitola muito reduzida podem chegar até às galerias mais recônditas da gruta, onde existe um circuito pedestre ladeado das habituais estalagmites, estalactites e colunas, além de covas inacessíveis e esculturas que a água e o calcário foram moldando e continuam a moldar.

PALAVREADO

PALAVREADO
Luís Fernando Veríssimo

Gosto da palavra "fornida". É uma palavra que diz tudo o que quer dizer. Se você lê que uma mulher é "bem fornida", sabe exatamente como ela é. Não gorda, mas cheia, roliça, carnuda. E quente. Talvez seja a semelhança com "forno". Talvez seja apenas o tipo de mente que eu tenho.

Não posso ver a palava "lascívia" sem pensar numa mulher, não fornida mas magra e comprida. Lascívia, imperatriz de Cântaro, filha de Pundonor. Imagino-a atraindo todos os jovens do reino para a cama real, decapitando os incapazes pelo fracasso e os capazes pela ousadia.

Um dia chega a Cântaro um jovem trovador, Lipídio de Albornoz. Ele cruza a Ponte de Safena e entra na cidade montado no seu cavalo Escarcéu. Avista uma mulher vestindo uma bandalheira preta que lhe lança um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a através dos becos de Cântaro até um sumário - uma espécie de jardim enclausurado - onde ela deixa cair a bandalheira. É Lascívia. Ela sobe por um escrutínio, pequena escada estreita, e desaparece por uma porciúncula. Lipídio a segue. Vê-se num longo conluio que leva a uma protese entreaberta. Ele entra. Lascívia está sentada num trunfo em frente ao seu pinochet, penteando-se. Lipídio, que sempre carrega consigo um fanfarrão (instrumento primitivo de sete cordas), começa a cantar uma balada. Lascívia bate palmas e chama:

- Cisterna! Vanglória!

São duas escravas que vêm prepará-la para os ritos do amor. Lipídio desfaz-se de suas roupas - o satrapa, o lúmpen, os dois fátuos - até ficar só de reles. Dirige-se para a cama cantando uma antiga minarete. Lascívia diz:

- Cala-te, sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu passepartout.

Atrás de uma cortina Muxoxo, o algoz, prepara seu longo cadastro para cortar a cabeça do trovador.

A história só não acaba mal porque o cavalo de Lipídio, Escarcéu, espia pela janela na hora em que Muxoxo vai decapitar seu dono, no momento entregue ao sassafrás, e dá o alarme. Lipídio pula da cama, veste seu reles rapitadamente e sai pela janela, onde Escarcéu o espera.

Lascívia manda levantarem a Ponte de Safena, mas tarde demais. Lipídio e Escarceu já galopam por motins e valiuns, longe da vingança de Lascívia.

"Falácia" é um animal multiforme que nunca está onde parece estar. Um dia um viajante chamado Pseudônimo (não é o seu verdadeiro nome) chega a casa de um criador de falácias, Otorrino. Comenta que os negócios de Otorrino devem estar indo muito bem, pois seus campos estão cheios de falácias. Mas Otorrino não parece muito contente. Lamenta-se:

- As falácias nunca estão onde parecem estar. Se elas parecem estar no meu campo é porque estão em outro lugar.

E chora:

- Todos os dias, de manhã, eu e minha mulher, Bazófia, saímos pelos campos a contar falácias. E cada dia há mais falácias no meu campo. Quer dizer, cada dia eu acordo mais pobre, pois são mais falácias que eu não tenho.

- Lhe faço uma proposta - disse Pseudônimo. - Compro todas as falácias do seu campo e pago um pinote por cada uma.

- Um pinote por cada uma? - disse Otorrino, mal conseguindo disfarçar o seu entusiasmo. - Eu devo não ter cinco mil falácias.

- Pois pago cinco mil pinotes e levo todas as falácias que você não tem.

- Feito.

Otorrino e Bazófia arrebanham as cinco mil falácias para Pseudônimo. Este abre o seu comichão e começa a tirar pinotees invisíveis e colocá-los na palma da mão estendida de Otorrino.

- Não estou entendendo - diz Otorrino. - Onde estão os pinotes?

- Os pinotes são como as falácias - explica Pseudônimo. - Nunca estão onde parecem estar. Você está vendo algum pinote na sua mão?

- Nenhum.

- É sinal de que eles estão aí. Não deixe cair.

E Pseudônimo seguiu viagem com cinco mil falácias, que vendeu para um frigorífico inglês, o Filho and Sons. Otorrino acordou no outro dia e olhou com satisfação para o seu campo vazio. Abriu o besunto, uma espécie de cofre, e olhou os pinotes que pareciam não estar ali. Estava rico!

Na cozinha, Bazófia botava veneno no seu pirão.

"Lorota", para mim, é uma manicura gorda. E explorada pelo namorado, Falcatrua. Vivem juntos num pitéu, um apartamento pequeno. Um dia batem na porta. É Martelo, o inspetor italiano.

- Dove esta il tuo megano?

- Meu quê?

- Il fistulado del tuo matafoso umbraculo.

- O Falcatrua? Está trabalhando.

- Sei. Com sua tragada de perônios. Magarefe, Barroco, Cantochão e Acepipe. Conheço bem o quintal. São uns melindres de marca maior.

- Que foi que o Falcatrua fez?

- Está vendendo falácia inglesa enlatada.

- E daí?

- Daí que dentro da lata não tem nada. Parco manolo! (VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Analista de Bagé, Porto Alegre : LMP Editores, 1995, p. 25)

FRASES ILUSTRADAS

(Arco-íris é uma ponte de vento)

terça-feira, 26 de maio de 2020

A ARTE DE PRODUZIR FOME

Rubem Alves 

Adélia Prado me ensina pedagogia. Diz ela: “Não quero faca nem queijo; quero é fome”. O comer não começa com o queijo. O comer começa na fome de comer queijo. Se não tenho fome é inútil ter queijo. Mas se tenho fome de queijo e não tenho queijo, eu dou um jeito de arranjar um queijo…

Sugeri, faz muitos anos, que, para se entrar numa escola, alunos e professores deveriam passar por uma cozinha. Os cozinheiros bem que podem dar lições aos professores. Foi na cozinha que a Babette e a Tita realizaram suas feitiçarias… Se vocês, por acaso, ainda não as conhecem, tratem de conhecê-las: a Babette, no filme “A Festa de Babette”, e a Tita, em “Como Água para Chocolate”. Babette e Tita, feiticeiras, sabiam que os banquetes não começam com a comida que se serve. Eles se iniciam com a fome. A verdadeira cozinheira é aquela que sabe a arte de produzir fome…

Quando vivi nos Estados Unidos, minha família e eu visitávamos, vez por outra, uma parenta distante, nascida na Alemanha. Seus hábitos germânicos eram rígidos e implacáveis.

Não admitia que uma criança se recusasse a comer a comida que era servida. Meus dois filhos, meninos, movidos pelo medo, comiam em silêncio. Mas eu me lembro de uma vez em que, voltando para casa, foi preciso parar o carro para que vomitassem. Sem fome, o corpo se recusa a comer. Forçado, ele vomita.

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do latim “affetare”, quer dizer “ir atrás”. É o movimento da alma na busca do objeto de sua fome. É o Eros platônico, a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado.

Eu era menino. Ao lado da pequena casa onde morava, havia uma casa com um pomar enorme que eu devorava com os olhos, olhando sobre o muro. Pois aconteceu que uma árvore cujos galhos chegavam a dois metros do muro se cobriu de frutinhas que eu não conhecia.

Eram pequenas, redondas, vermelhas, brilhantes. A simples visão daquelas frutinhas vermelhas provocou o meu desejo. Eu queria comê-las.

E foi então que, provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar se pôs a funcionar. Anote isso: o pensamento é a ponte que o corpo constrói a fim de chegar ao objeto do seu desejo.

Se eu não tivesse visto e desejado as ditas frutinhas, minha máquina de pensar teria permanecido parada. Imagine se a vizinha, ao ver os meus olhos desejantes sobre o muro, com dó de mim, tivesse me dado um punhado das ditas frutinhas, as pitangas. Nesse caso, também minha máquina de pensar não teria funcionado. Meu desejo teria se realizado por meio de um atalho, sem que eu tivesse tido necessidade de pensar. Anote isso também: se o desejo for satisfeito, a máquina de pensar não pensa. Assim, realizando-se o desejo, o pensamento não acontece. A maneira mais fácil de abortar o pensamento é realizando o desejo. Esse é o pecado de muitos pais e professores que ensinam as respostas antes que tivesse havido perguntas.

Provocada pelo meu desejo, minha máquina de pensar me fez uma primeira sugestão, criminosa. “Pule o muro à noite e roube as pitangas.” Furto, fruto, tão próximos… Sim, de fato era uma solução racional. O furto me levaria ao fruto desejado. Mas havia um senão: o medo. E se eu fosse pilhado no momento do meu furto? Assim, rejeitei o pensamento criminoso, pelo seu perigo.

Mas o desejo continuou e minha máquina de pensar tratou de encontrar outra solução: “Construa uma maquineta de roubar pitangas”. McLuhan nos ensinou que todos os meios técnicos são extensões do corpo. Bicicletas são extensões das pernas, óculos são extensões dos olhos, facas são extensões das unhas.

Uma maquineta de roubar pitangas teria de ser uma extensão do braço. Um braço comprido, com cerca de dois metros. Peguei um pedaço de bambu. Mas um braço comprido de bambu, sem uma mão, seria inútil: as pitangas cairiam.

Achei uma lata de massa de tomates vazia. Amarrei-a com um arame na ponta do bambu. E lhe fiz um dente, que funcionasse como um dedo que segura a fruta. Feita a minha máquina, apanhei todas as pitangas que quis e satisfiz meu desejo. Anote isso também: conhecimentos são extensões do corpo para a realização do desejo.

Imagine agora se eu, mudando-me para um apartamento no Rio de Janeiro, tivesse a idéia de ensinar ao menino meu vizinho a arte de fabricar maquinetas de roubar pitangas. Ele me olharia com desinteresse e pensaria que eu estava louco. No prédio, não havia pitangas para serem roubadas. A cabeça não pensa aquilo que o coração não pede. E anote isso também: conhecimentos que não são nascidos do desejo são como uma maravilhosa cozinha na casa de um homem que sofre de anorexia. Homem sem fome: o fogão nunca será aceso. O banquete nunca será servido.

Dizia Miguel de Unamuno: “Saber por saber: isso é inumano…” A tarefa do professor é a mesma da cozinheira: antes de dar faca e queijo ao aluno, provocar a fome… Se ele tiver fome, mesmo que não haja queijo, ele acabará por fazer uma maquineta de roubá-los. Toda tese acadêmica deveria ser isso: uma maquineta de roubar o objeto que se deseja…

Fonte: https://www.revistaprosaversoearte.com
A hora do sim é um descuido do não. (Vinicius de Moraes)

LUGARES

BERGEN - NORUEGA

ROMANCE FORENSE

Charge de Gerson Kauer
O SUTIÃ E O CÓDIGO DO CONSUMIDOR

Há mais de 100 anos uma mulher chamada Mary Phelps Jacob patenteou nos Estados Unidos o sutiã. A invenção tinha o objetivo de acomodar o seio, possibilitando moldá-lo, diminuí-lo, escondê-lo ou exibi-lo. Transformou a coadjuvante ´roupa de baixo´ em protagonista do figurino da mulher com lingeries sensuais. 

Antes escondido, hoje é usado até como roupa de cima. Porém, há poucos dias, em 17 de Julho de 2012, o Departamento de Arqueologia da Universidade de Innsbruck na Austria, descobriu a peça íntima nos porões de um castelo da região austríaca de Lengberg. A descoberta dá a entender que a história da moda deve ser reescrita: o primeiro sutiã seria coisa já da época da Renascença, período histórico de caráter social e cultural dos séculos XIV, XV e XVI.

A Justiça gaúcha, neste século, já tratou do caso de um sutiã.

* * * * *

A advogada caprichava no vestir e, presumivelmente, na variedade de roupas íntimas. Mas - talvez em decorrência de verbas sucumbenciais tão baixas - não costumava comprar produtos caros, nem de grife. Conformava-se - digamos - com um grande estoque de calcinhas e sutiãs de preço médio. Todos regionais.

Certo dia, ela malhava na academia quando constatou que a parte da frente de sua camiseta dry fit estava manchada de sangue. Os mamilos estavam esfolados. Foi, rápido, à sua médica que atestou que “o sangramento foi provocado por escoriações do atrito do sutiã, com ambos os seios, durante o exercício físico”. 

O caso foi a juízo. A advogada verberou o "defeito do produto". E a fabricante suscitou “a viabilidade de a peça ter sido falsificada por empresa concorrente”, com o uso indevido de etiqueta.

A juíza sentenciante entendeu pela “inexistência do defeito no produto, principalmente em face do interregno entre a aquisição do sutiã e a data em que os problemas se verificaram (quatro meses), ainda que naturalmente o uso da peça não tenha sido contínuo nem diário". O TJ gaúcho foi chamado a decidir.

A Câmara entendeu que “o conceito de defeito é amplo e a responsabilidade pelo fato do produto está tipificada no artigo 12 do CDC”. O relator mencionou, na sessão, extra-autos, ter conversado com sua esposa sobre a possibilidade da ocorrência do esfolamento. E considerou comprovado “o nexo de causalidade entre a aquisição do produto, seu uso e as lesões sofridas”. 

A reparação deferida foi de 30 salários mínimos. O STJ recebeu um agravo e descartou o caso (Súmula 7). A condenação foi paga. A fabricante aprimorou seus produtos, hoje anunciados como de "primeira qualidade".

A advogada continua malhando e é provável que tenha passado a usar sutiãs de grife.

Fonte: www.espacovital.com.br

FRASES ILUSTRADAS


segunda-feira, 25 de maio de 2020

APRENDER COM OS ERROS

APRENDER COM OS ERROS
Hélio Schwartsman

Errar uma vez é ruim, mas repetir já é burrice

O Brasil tinha uma enorme vantagem sobre outros países no manejo da pandemia de Covid-19, mas não soube utilizá-la em seu favor. Como estivemos entre as últimas nações a ser atingidas, pudemos observar atentamente o que aconteceu na Ásia, na Europa e na América do Norte. Lamentavelmente, não usamos esse conhecimento para nos preparar para o que viria.

Meu receio é que a história se repita na saída do isolamento. Dentro de uns dois meses, se não houver uma catástrofe maior do que a já contratada, a curva de contágios deverá refluir e precisaremos tentar retomar a economia, sem descuidar da questão sanitária, pois o vírus continuará em circulação e ainda teremos a maior parte da população suscetível a ele.

Vários países asiáticos e europeus já se encontram nessa fase. Seria um crime se não tentássemos aprender com seus acertos e erros. Logo saberemos quais são as atividades mais e as menos perigosas. Retomar aulas com cuidados extras parece algo seguro. Em breve teremos uma ideia do risco de frequentar praias, cultos religiosos, espetáculos etc.

De modo mais geral, dá para dizer que é complicado sair do isolamento sem uma boa capacidade de testagem e de rastreamento de contactantes. Não creio que já as tenhamos alcançado.

Outro ponto que me parece fundamental no caso do Brasil é assegurar que haja leitos de baixa complexidade para todos os que precisarem. Dadas as condições de moradia presentes nas áreas mais pobres, são enormes as chances de um doente contaminar o resto da família. Pior, existe a suspeita de que infecções contraídas em casa sejam mais graves do que as pegas na rua, onde a dose viral tende a ser menor.

A possibilidade de monitorar de perto os pacientes, em especial os com comorbidades, permite ainda evitar o agravamento de quadros, reduzindo a necessidade de UTIs.

Errar uma vez é ruim, mas repetir o erro já é burrice.

Fonte: Folha de S. Paulo - 24/05/20
É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade. (Kant)

LUGARES

SIRMIONE - ITÁLIA
Sirmione é uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Bréscia, com cerca de 6.353 habitantes. Estende-se por uma área de 33 km, tendo uma densidade populacional de 193 hab/km. Faz fronteira com Castelnuovo del Garda (VR), Desenzano del Garda, Lazise (VR), Padenghe sul Garda, Peschiera del Garda (VR). (Wikipédia)

DESEJO QUE DESEJES

Martha Medeiros

Eu desejo que desejes ser feliz de um modo possível e rápido, desejo que desejes uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis, que desejes coisas simples como um suco gelado depois de correr ou um abraço ao chegar em casa, desejo que desejes com discernimento e com alvos bem mirados.

Mas desejo também que desejes com audácia, que desejes uns sonhos descabidos e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração, mas os mantenha acesos, livres de frustração, desejes com fantasia e atrevimento, estando alerta para as casualidades e os milagres, para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos.

Desejo que desejes trabalhar melhor, que desejes amar com menos amarras, que desejes parar de fumar, que desejes viajar para bem longe e desejes voltar para teu canto, desejo que desejes crescer e que desejes o choro e o silêncio, através deles somos puxados pra dentro, eu desejo que desejes ter a coragem de se enxergar mais nitidamente.

Mas desejo também que desejes uma alegria incontida, que desejes mais amigos, e nem precisam ser melhores amigos, basta que sejam bons parceiros de esporte e de mesas de bar, que desejes o bar tanto quanto a igreja, mas que o desejo pelo encontro seja sincero, que desejes escutar as histórias dos outros, que desejes acreditar nelas e desacreditar também, faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas, que desejes não ter tantos desejos concretos, que o desejo maior seja a convivência pacífica com outros que desejam outras coisas.

Desejo que desejes alguma mudança, uma mudança que seja necessária e que ela não te pese na alma, mudanças são temidas, mas não há outro combustível pra essa travessia. Desejo que desejes um ano inteiro de muitos meses bem fechados, que nada fique por fazer, e desejo, principalmente, que desejes desejar, que te permitas desejar, pois o desejo é vigoroso e gratuito, o desejo é inocente, não reprima teus pedidos ocultos, desejo que desejes vitórias, romances, diagnósticos favoráveis, aplausos, mais dinheiro e sentimentos vários, mas desejo antes de tudo que desejes, simplesmente.

Fonte: Facebook

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 24 de maio de 2020

CAVEMAN

CAVEMAN - INVENTION OF MUSIC
Homem pré-histórico vive o drama de amar a filha do chefe de uma tribo inimiga. Ele sai pelo deserto para encontrar a garota de seus sonhos e vive uma série de aventuras. Comédia com Ringo Starr (ex-baterista dos Beatles), Dennis Quaid, Shelley Long e grande elenco. Conta a história dos homens das cavernas, sua evolução e sociedade da forma mais hilária possível. A linguagem do filme são somente algumas palavras e grunidos pré-históricos, o que torna o filme universal. Impossível de não rir. No vídeo, a versão de como a música foi inventada.
A riqueza mais segura é a pobreza de exigências. (Franz Werfel, escritor tcheco, 1890-1945)

LUGARES

MOSCOU - RÚSSIA



PONTARIA MASCULINA

Poderia iniciar dizendo que o homem é uma animal bem menos racional do que aparenta. Pelo menos, pelo resultado das suas visitas ao banheiro. O que leva um homem a cuspir o seu chiclete no mictório? Sempre há um lixeiro por perto, mas parece que dá um prazer mórbido jogar aquela borracha sem sabor num local que sabidamente não será levada pela água. O mesmo ocorre com as pontas de cigarro. Mas a lambança maior fica por conta dos jatos sem direção. Não há fogo, mas o sujeito se comporta como um bombeiro, lançando seus líquidos para qualquer direção. E as pessoas encarregadas da limpeza que se danem. Se não houver uma vigilância e limpeza constantes, o cheiro torna o ambiente insuportável. Mas em alguns locais, o bom humor é colocado a serviço da civilidade.



Em Munique, nos banheiros do cassino, junto ao centro histórico, encontrei este humorado convite aos mijões para marcarem gol, acertando seu jato na goleira estrategicamente colocada no dispositivo receptor.


Em outra oportunidade, num shopping center, em Caxias do Sul, me deparei com convite semelhante. No caso, o sujeito era convidado a acertar no sapato. No exemplo nacional, com bastante sutileza os marqueteiros aproveitaram a oportunidade para implementar uma publicidadezinha. Não sei se os apelos em prol da higiene e limpeza alcançaram os resultados esperados. Ao menos, deu para perceber que a criatividade ainda existe.

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 23 de maio de 2020

NÃO FOI O VÍRUS QUE PAROU O MUNDO


NÃO FOI O VÍRUS QUE PAROU O MUNDO
Stephen Kanitz

Perdoem-me por voltar ao assunto, mas é importante entender realmente o que fez o mundo parar. 

Não foi o vírus. 

Não foi um súbito “colapso da demanda”, nem “a falta de estímulos corretos”. 

Da ótica da administração não se justifica todo esse desastre, só porque as empresas pararam de produzir por somente 45 dias. 

Pensem bem. 

Tampouco se justifica todos esses pacotes trilionários de estímulos, quando no fundo tiramos talvez 45 dias de férias, em 70% da economia. 

Os bois estão engordando, e a soja está crescendo. 

Afinal, muitas empresas param anualmente por 30 dias dando férias coletivas e nada acontece. 

Eles devidamente preparam previamente estoques dos produtos que fabricam, e o setor atacadista supre o mercado nesse período. 

O que realmente ocorreu é que colocaram o rei a nu, algo que venho alertando há anos. 

Todo esse desastre foi deflagrado pela crônica falta de capital de giro próprio desde o capital de giro das famílias, até o capital de giro das empresas. 

Cada família precisa acumular capital de giro próprio nos anos de vacas gordas, para enfrentar períodos sem entrada de recursos, por perda de emprego por exemplo. 

No passado remoto estocávamos comida por sete anos, lembram-se? 

Hoje, especialmente nas famílias onde a mulher também trabalha, algo recente, as chances de um ou outro perder o emprego dobra de probabilidade. 

Ou seja, os 33% de americanos despedidos afetaram 55% das famílias. É muita gente. 

O americano médio tem somente US$ 500 de liquidez imediata e só. 

E essas mesmas famílias têm em média US$ 8.500 de dívidas só no cartão de crédito. 

Ou seja, capital de giro negativo por família de US$ 8.000. 

Isso num país onde a média tem mais de oito anos de “educação”. 

Por isso as famílias imediatamente reduzem seu consumo, não por causa do vírus ou confinamento, mas por não terem reservas para uma emergência, como esta. 

Param de comprar, atrasam pagamentos. 

E aí entra uma espiral descendente, onde o setor varejista para de pagar o setor atacadista. 

Isso porque também não possuem o capital de giro próprio suficiente para sobreviver nem mesmo 4 meses com vendas baixas. 

O atacadista para de pagar o produtor, que também não tem o capital de giro próprio necessário para amortecer esse desequilíbrio. 

O produtor por sua vez não paga o fabricante de peças. 

Que para de pagar o setor de matéria prima, que para de pagar seus funcionários, e o ciclo se repete e piora. 

Os vasos comunicantes embolam e param. 

E posso lhes garantir que esses trilhões de “estímulos”, não chegarão onde precisam, muito menos para as empresas sem capital de giro, o cerne do problema. 

Basta perceber que ninguém sabe qual a empresa que mais precisa de capital de giro próprio. 

O FRED americano desde 1967 não calcula mais o CAPITAL DE GIRO das empresas americanas, nem percebeu que estava diante de um problema que estava piorando, e que por isso deveria ser acompanhado de perto. 

Queda persistente que Melhores e Maiores também apontava desde 1964, e que sou o único que acompanha até hoje. 

Lá como aqui, o Ministério da Economia está pilotando a economia às escuras, tanto quanto nossos Ministros da Saúde. 

Tomam decisões equivocadas por não ter os dados certos para analisar o que ocorre na economia real. 

O nível de capital de giro já estava estrategicamente muito baixo em 2019, aqui e nos Estados Unidos, colocando em risco a nossa Economia, algo que muitos que me seguem já sabem. 

Não foi o vírus que gerou esse desastre econômico. 

Foi a falta de capital de giro próprio suficiente para enfrentar essa crise, por parte das empresas e das famílias. 

E o pior, no post mortem que será feito dessa crise por historiadores e economistas, tenho a absoluta certeza de que novamente não aprenderemos a lição. 

Keynes sequer analisou a falta de capital giro próprio das empresas depois de três anos de recessão, sequer mencionou essa variável na sua Teoria do Emprego. 

Por isso ninguém vai recomendar a partir de 2021 que famílias passem a pensar em termos de capital de giro necessário. 

Nenhum livro de Economia vai propor que no futuro os governos tenham o capital de giro próprio necessário para enfrentar crises em vez de dívidas monstruosas. 

Pegos de surpresa, economistas de governo vão manipular a contabilidade das nações, imprimindo e digitalizando moeda falsa a rodo. 

Ao contrário daquilo que ensinamos em Administração Responsável das Nações. 

“Nenhuma reserva pública pode terminar antes do término de uma recessão, senão a economia entrará em depressão.” 

“Todo país e toda família devem acumular reservas financeiras adequadas como forma de proteção.” 

Fonte: https://blog.kanitz.com.br