domingo, 26 de janeiro de 2020

O POLIGLOTA

O POLIGLOTA

Certa feita uma amigo comentava sobre o inglês falado nos portos. Marinheiros de todo mundo teriam desenvolvido uma linguagem comum, de sorte que onde quer que se encontrem conseguem se comunicar com os colegas de profissão. Pessoas que se relacionam com os marinheiros acabam assimilando e entendendo esse "novo idioma".

Em recente viagem à Suíça conheci uma pessoa que de certa forma falava o inglês portuário. Era o dono da pousada onde ficamos hospedados por alguns dias. Gentil e atencioso, o nosso amigo se desdobrava o quanto podia para agradar os hóspedes. Para nós brasileiros, o agrado era ainda maior de vez que simplesmente era vidrado em bossa nova. Era o nosso fundo musical.

De início nossas conversas se davam em francês mas não chegavam a evoluir eis que ele atravessava algumas palavras impossíveis de identificar. Quando não, introduzia palavras em italiano ou em espanhol.

Tentamos com o inglês e era a mesma coisa. Para ele, no entanto, era a coisa mais normal do mundo, pois que ia falando na suposição de que entendíamos tudo.

No último dia precisei que ele acertasse para nós os detalhes da próxima pousada, em Interlaken, onde só falavam em alemão, idioma intransponível para nós. Pelo telefone, percebi que ele conseguia manter uma conversa sem maiores problemas com o interlocutor do outro lado da linha.

Finda a tarefa, minha curiosidade estava aguçada. Então perguntei-lhe se era suíço e a resposta foi positiva, mas com um adendo esclarecedor: por cinco anos ele havia morado nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia e daí o seu contato, também, com o espanhol.

Ficou tudo esclarecido. Nosso hospedeiro acabou desenvolvendo um linguajar próprio, mas capaz de satisfazer a clientela e até mesmo de divertí-la.

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