Certa feita uma amigo comentava sobre o
inglês falado nos portos. Marinheiros de todo mundo teriam desenvolvido uma linguagem
comum, de sorte que onde quer que se encontrem conseguem se comunicar com os
colegas de profissão. Pessoas que se relacionam com os marinheiros acabam
assimilando e entendendo esse "novo idioma".
Em recente viagem à Suíça conheci uma
pessoa que de certa forma falava o inglês portuário. Era o dono da pousada
onde ficamos hospedados por alguns dias. Gentil e atencioso, o nosso amigo se desdobrava
o quanto podia para agradar os hóspedes. Para nós brasileiros, o agrado era
ainda maior de vez que simplesmente era vidrado em bossa nova. Era o nosso
fundo musical.
De início nossas conversas se davam em
francês mas não chegavam a evoluir eis que ele atravessava algumas palavras
impossíveis de identificar. Quando não, introduzia palavras em italiano ou em
espanhol.
Tentamos com o inglês e era a mesma coisa.
Para ele, no entanto, era a coisa mais normal do mundo, pois que ia falando na
suposição de que entendíamos tudo.
No último dia precisei que ele acertasse
para nós os detalhes da próxima pousada, em Interlaken, onde só falavam em
alemão, idioma intransponível para nós. Pelo telefone, percebi que ele conseguia manter uma conversa sem
maiores problemas com o interlocutor do outro lado da linha.
Finda a tarefa, minha curiosidade estava aguçada. Então perguntei-lhe se era suíço e a resposta foi positiva, mas
com um adendo esclarecedor: por cinco anos ele havia morado nos Estados Unidos,
mais precisamente na Califórnia e daí o seu contato, também, com o espanhol.
Ficou tudo esclarecido. Nosso hospedeiro acabou desenvolvendo um linguajar próprio, mas capaz de satisfazer a clientela
e até mesmo de divertí-la.
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