Casados havia oito anos, Luis Augusto e Tamara Helena (nomes fictícios) eram jovens ainda, ambos pouco mais de 30 de idade atual, sem filhos. Eles levaram à frente seu matrimônio durante cerca de três milhares de dias de muitas alegrias, poucas tristezas, mas lento declínio da temperatura.
De classe média alta, ambos com diploma superior, conheceram-se, na mesma universidade. Trabalhavam em duas empresas diferentes, cada um tinha o seu automóvel e residiam num belo apartamento de interessante cidade da região metropolitana de Porto Alegre.
O casamento seguia remoído no tédio do televisor ligado, a conversa só sobre problemas no trabalho, a safadeza de políticos brasileiros e pouca intimidade conjugal profunda. E cada manhã era a rotina de dois beijinhos frios, trocados na garagem, antes que se afastassem, saindo para lados diferentes.
Os amigos mais chegados contam que Tamara ainda amava Luis, mas o casamento se despedaçava já então por causa da (desconhecida) epidérmica presença de uma terceira pessoa. Foi nessa conjunção que Luis, de voz baixa, cabisbaixo, foi formal com Tamara, após o jantar caseiro de um sábado.
- Já deves ter sentido que nosso casamento acabou, por isso estou indo embora amanhã de manhã.
Incrédula, Tamara questionou e assim propiciou que o diálogo rápido evoluísse:
- Por que esta decisão?
- Sou homossexual!
- Luis, não posso acreditar...
- Pois precisas acreditar. Amo um homem e já montamos um apartamento em Porto Alegre, onde moraremos juntos a partir de amanhã.
- E quem é este homem?
- Teu irmão, o Miguel!
Não é difícil imaginar que a cena, no lar que se desfazia, tenha sido composta, também, por uma unilateral crise de choro.
A surpreendente revelação que resultou na história aí de cima foi feita por Tamara, diante do juiz da Vara de Família, quando este – ao receber os ex-cônjuges para a audiência de divórcio consensual – protocolarmente perguntou sobre a possibilidade de reconciliação.
Luis manteve-se calado e Tamara concretizou no arremate, em uma frase, a dureza das páginas da vida:
- Impossível doutor, pois no mesmo dia eu me transformei, de fiel esposa, em cunhada do Luis. E isso é irreconciliável.
Tamara assinou o termo e chorosa, pedindo desculpas, saiu porta afora da sala de audiências.
Fonte: www.espacovital.com.br
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