COMPUTO, ME ADÉQUO, EXPLUDO (1)
--- Há algum tempo tenho inquietações para com o verbo adequar. No Aurélio Eletrônico, a conjugação do presente do indicativo (1ª, 2a, 3a e 6ª pessoas) inexiste. Nele, também não há conjugação do presente do subjuntivo. Já no Houaiss, as conjugações acima consignadas são feitas. Diante dessa dissonância, gostaria de saber se a conjugação do Houaiss é aceita pela forma culta da língua portuguesa. Em caso positivo, por que o Aurélio não passou a registrá-la em suas recentes atualizações? Qual é, afinal, a referência mais conveniente a ser usada, já que se trata de duas sumidades no assunto? B., São Paulo/SP
--- Estou estudando para concursos públicos e deparei-me com uma dúvida. Diz respeito ao verbo computar. Seria (ainda) este verbo defectivo? Adriana Coelho, Rio de Janeiro/RJ
--- Como se conjuga a primeira pessoa do verbo colorir? Me disseram que é eu “coluro”, mas achei esquisito demais. Valéria, Frutal/MG
Verbo defectivo é aquele que tem “defeitos”, falhas na conjugação. Ou seja, sua conjugação não é completa. Isso acontece principalmente na primeira pessoa do presente – ninguém diz, por exemplo, ‘eu falo’ e ‘paro’ referindo-se aos verbos falir e parir. Ou: eu não *fedo (feder), eu *abulo ou *abolo (abolir). Nem se diz *coluro ou *coloro, mas se usa o gerúndio ou um circunlóquio: não estou fedendo, estou colorindo, dou/faço um colorido... São formas inexistentes mesmo, e vamos seguindo sem elas. Entretanto, algumas dessas lacunas se devem a uma questão mais propriamente estética do que técnica. É o caso de adequar, computar e explodir.
ADEQUAR é cada vez mais usado nas pessoas do singular e na terceira do plural do presente do indicativo e mesmo no subjuntivo, inclusive por falantes cultos, que contam com o aval do dicionário Houaiss. Se temos obliquo, abliqua, obliquam, por que não adequo, adequa, adequam?
Noto que obliquar é citado no Acordo Ortográfico (2009), junto com apropinquar, averiguar, delinquir e afins, como verbos que oferecem dois paradigmas e por isso podem ter as formas rizotônicas “acentuadas no u mas sem marca gráfica” (p. ex. averiguo, enxaguas, delinquem) ou “acentuadas fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais” (a exemplo de averíguo, oblíquas, enxágua, delínquem).
Então, analogamente, quando se encontram as formas sem acentuação nessas pessoas consideradas defectivas, deve-se ler adeqUa, adeqUo, adeqUa, adeqUam, adeqUe, com a tonicidade na vogal u, que antes do Acordo levava acento agudo. Em Portugal, conforme assinalado no dic. Houaiss, a ocorrência dessa pronúncia é maior. No Brasil preferem-se as formas paroxítonas em ditongo decrescente, com a tonicidade na letra e, que então devem ser acentuadas graficamente: adéquo, adéqua, adéquam, adéque, adéques, adéquem. Exemplos:
Infelizmente eu não me adéquo a estas circunstâncias.
Diz o instrutor que o menino, ainda que tenha boa vontade, não se adéqua a nada.
Pessoas flexíveis e maduras se adéquam facilmente às novas situações.
Em seu livro, a autora se preocupa em apresentar receitas que se adéquem ao dia a dia das pessoas que não têm tempo para cozinhar.
Esperamos que esse município se adéque à nova lei.
Finalizaremos na próxima coluna.
Fonte: www.linguabrasil.com.br
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