(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
SÃO PAULO, 13 Fev (Reuters) - Em 1943, quando a 2ª Guerra Mundial entrava na reta final, um grupo de especialistas em arte, em boa parte norte-americanos, recebeu uma missão inusitada: descobrir os esconderijos de milhões de obras de arte roubadas pelos nazistas, impedindo sua destruição, agora que a derrota alemã começava a mostrar-se iminente.
O trabalho desse insólito esquadrão é retratado na aventura de época "Caçadores de Obras-Primas", dirigido e interpretado por George Clooney. Ele também assina, com seu habitual parceiro, Grant Heslov, o roteiro, que adapta o livro homônimo de Robert M. Edsel e Bret Witter.
Na história real, estes especialistas foram mais de 300, alguns deles mulheres. Na tela, por uma questão logística, eles são reduzidos a um pequeno grupo de sete homens, cujos nomes são, em geral, fictícios e não raro incorporam características de mais de um personagem verídico.
O líder é Frank Stokes (Clooney), que convence o presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt da importância de salvamento das obras de arte e dele recebe autorização para formar uma equipe e viajar para a Europa.
Stokes convoca o seu time: o curador de museu James Granger (Matt Damon), o escultor Walter Garfield (John Goodman), os arquitetos Preston Savitz (Bob Balaban) e Richard Campbell (Bill Murray), todos americanos. Também entram na roda o inglês Donald Jeffries (Hugh Bonneville, da série "Downton Abbey") e o francês Jean-Claude Clermont (Jean Dujardin).
Recebendo um precário treinamento militar prévio, eles se deslocam até os fronts de batalha, colocando a pele em risco para localizar as preciosas obras-primas europeias que os nazistas vinham saqueando, de instituições ou de coleções particulares - especialmente de judeus -, tendo em vista o sonho de Hitler de formar um imenso museu na Alemanha com o produto dessas apropriações.
Quando os alemães começam a sofrer derrotas dos Aliados, muitas dessas obras foram escondidas - algumas, destruídas. A ideia, então, é localizar os esconderijos e chegar a eles antes dos aliados russos - que, segundo o filme, pretendiam vender as obras para angariar recursos para pagar indenizações a suas próprias vítimas de guerra.
Enquanto isso, os experts do grupo americano tinham por missão devolver as obras a seus legítimos donos - um esforço que, na vida real, foi realizado no pós-guerra, já que o grupo funcionou até meados de 1951. Sem, no entanto, esgotar a missão. Ainda hoje, há diversas obras-primas desaparecidas, entre elas, trabalhos de mestres como Rafael, Monet e Rodin.
Sem pretender fixar-se demais na lição de história, "Caçadores de Obras-Primas" toma liberdades e injeta humor sempre que possível - como nas relações interpessoais entre os protagonistas. Nem por isso, perde de vista a ideia central da história, de que havia aqui uma série de pessoas que arriscava a própria vida para salvar a arte, um objetivo que não era inteiramente compreendido, ou mesmo bem-visto, pelo resto das tropas de seus próprios países. Nem todos os integrantes do esquadrão, aliás, sobreviveram.
Única mulher do elenco, a australiana Cate Blanchett interpreta a francesa Claire Simone, uma militante da Resistência que vigiou atentamente os saques nazistas no museu onde trabalhava, o Jeu de Paume, em Paris, organizando um detalhado registro das obras que dali foram levadas. Este registro, numa determinada altura, mostra-se indispensável para o trabalho dos comandados de Stokes.
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