O couvert artístico nas companhias aéreas
Nosso incansável viajante, um assíduo frequentador dos voos das mais diversas companhias aéreas desde os tempos em que o comissário flambava crêpes suzette na frente dos passageiros, responde às perguntas mais frequentes desta semana:
Prezado Mr. Miles: e eis que volta a norma que autoriza a cobrança pelas malas embarcadas em companhias aéreas. O que o senhor tem a dizer a respeito?
José Antunes F. Contini, por email
Well, my friend: já tive a oportunidade de escrever a respeito, sempre com a mesma indignação. Não me importa tanto a lei quanto o espírito da lei. Companhias aéreas, as you know, existem para transportar pessoas e mercadorias de um canto a outro no planeta. Bagagens, of course, são mercadorias e, por isso, podem ser cobradas. A questão é que, tradicionalmente, os passageiros sempre tiveram o direito de levar, em sua companhia, as malas de que necessitam, dentro de uma determinada limitação de peso.
Fair enough. O valor dos poucos quilos a mais sempre esteve incluido, for sure, no preço dos bilhetes. Eis que, em manobra para reforçar seu caixa, surge a liberdade para estabelecer preços para a bagagem, sem, é claro, que o valor antes embutido, seja retirado. Dupla taxação, in other words. Pior: não sendo única, a regra será aplicada distintamente em cada empresa, de modo que, agora, o valor do bilhete é apenas referencial. É preciso que a ele se some o valor, variável, do preço do transporte da bagagem. A big mess!
Como eu já tive a oportunidade de preconizar neste espaço — e sou apenas um viajante, não uma pitoniza — , o mundo caminha para os chamados preços mentirosos. Você vai a um hotel para hospedar-se. Mas paga, além disso (em grande parte dos casos, I'm afraid) altas taxas para usar o wifi ou o telefone ou o estacionamento. O wifi? I'm sorry to say, mas até o mais humilde pub da periferia de Birmingham não cobra por esse serviço, que, besides, não tem custo nenhum para o taberneiro.
Apenas os hotéis verdadeiramente classy incluem todos custos no valor da diária — e tornam-se mais simpáticos a quem os utiliza. Nos aviões, unfortunately, a realidade é a mesma e tende a piorar.
Vejamos o que vai ser taxada a mais no futuro, além das bagagens:
1- Taxa de reclinamento do assento. O passageiro vai poder comprar um combo que inclui, as well, a taxa da liberação da mesinha.
2- Conta de luz durante a viagem: o viajante dividirá um rateio pela iluminação da aeronave e mais uma continha pelo uso de sua luz de leitura.
3- Custo de entretenimeto: um pequeno valor para a revista de bordo e outro, maior, pelo direito de ligar a televisão.
4- Taxa para o chamado dos comissários. As melhores companhias oferecerão, promocionalmente, um chamado free of charge.
5- Tarifa para a utilização do banheiro de bordo. Há muitos estudos a respeito mas, por enquanto, prevalece a tese da utilização de uma espécie de taxímetro na porta do toalete, medindo o tempo de permanência do usuários.
6- Cobertores de bordo com preço fixo. Observação: se a demanda for baixa, a tendência é diminuir a temperatura na cabine.
7- Incremento no valor já cobrado por snacks, bebidas e refeições, associado a um controle mais rígido para evitar a entrada de farnéis na aeronave.
Os valores terão de ser pagos à vista, em dólares, no momento da entrega do serviço. Ou seja: você define quanto a viagem custará, dependendo do que queira usar. Se, however, decidir não utilizar nenhum serviço, terá de pagar uma espécie de couvert artístico.
Apenas os itens de segurança, como cintos, flutuantes e mapa das portas da aeronave serão gratuitos, para que não se diga que as empresas são negligentes.
Essas são as minhas previsões. Quem sabe o prezado leitor tenha outras sugestões a dar — ficarei feliz em publicá-las.
My God: what a shame!
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário