Em setembro de 2015, Michel Temer estava ansioso para mudar de cadeira. Eleito na chapa de Dilma Rousseff, o vice circulava por salões em que se pregava abertamente a derrubada do governo. Num desses encontros, organizado por uma socialite paulistana, ele comentou que a aprovação da presidente estava abaixo do "razoável".
"Hoje realmente o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo", previu. "Se continuar assim, [com] 7%, 8% de popularidade, de fato é difícil passar por três anos e meio", acrescentou, referindo-se ao tempo que faltava para o fim do mandato.
Dois anos depois, Temer é quem rasteja nas pesquisas de opinião. No papel de presidente, ele faz pensar que a avaliação de Dilma não era tão ruim assim. A nova rodada do Datafolha mostra que o peemedebista é aprovado por apenas 5% dos brasileiros. Ao ser afastada, a petista ostentava 14% de "bom" e "ótimo".
Aos olhos dos eleitores, o governo Temer é o pior da história recente. Ele conseguiu igualar o recorde negativo de José Sarney, registrado em 1989, no auge da hiperinflação.
Há pouco tempo, o presidente desdenhava o mau desempenho nas pesquisas. Ele chegou a descrever os números como um salvo-conduto para tocar projetos rejeitados pela população. "Estou aproveitando a suposta impopularidade para tomar medidas impopulares", disse, quando era aprovado por 10%. Agora que o índice caiu à metade, a única medida impopular na pauta é barrar a nova denúncia na Câmara.
Um dos fatores que seguram o presidente é a sorte de não ter um conspirador na cadeira de vice. O deputado Rodrigo Maia, primeiro na linha sucessória, recusa-se a ser o Temer de Temer. "Não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma", disse, em entrevista ao "Valor Econômico". "Meu padrão não é o mesmo daqueles que, em torno do presidente, comandaram o impeachment", acrescentou.
Fonte: Folha de S. Paulo
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