Viajantes sozinhos aproveitam melhor?
Rogério Lima, um assiduo correspondente de Mr. Miles concordou com sua avaliação sobre excursões de ônibus, assim como as leitoras Patricia Neme e Maria do Carmo Malaguerra. Em certo momento de sua correspondência, porém, Rogério afirmou que "a melhor companhia de um viajante é a dele próprio.", sugerindo que as pessoas viajem sozinhas e com planejamento como ele faz.
Nosso correspondente decidiu fazer um comentário sobre o comentário, ao invés de responder a uma carta da semana. Vamos a ele:
"Dear Rogério: como é de conhecimento de todos, eu costumo viajar sozinho. Não importa, however, aonde esteja, não posso considerar-me um lonely traveler. Tenho amigos, tenho compadres, comadres e afilhados. Quando não estou com nenhum deles, faço amigos e amigas. Raramente me engano quando escolho alguém para conversar. Acho, undoubtly, que sempre é valioso ter alguém com quem se possa compartilhar as impressões e sensações — fato que costuma, by the way, levar a amizades mais profundas em menos tempo.
Nevertheless, sua afirmação teria me atingido como um trompaço de meu amigo George ( N.da.R: George Foreman, fortíssimo peso pesado que especialzou-se em vender grills.), não fosse o fato de que, modestamente, sou um grande esquivador.
Mas sou obrigado a refletir e concordar, até certo ponto, com sua afirmação de que "a melhor companhia de um viajante é a dele próprio."
Vejo, dia após dia, a hostilidade crescente entre os homens. Pior: a agressividade atinge as familias quando em situação de alto grau emocional — e é isso que as viagens são. Somos, unfortunately, uma horda de gente egoista que raramente abre mão de seus planos para curtir o de seu(s) acompanhante(s).
Não vamos às compras porque preferimos os museus; não vamos aos museus, porque preferimos as compras; não queremos jantar no restaurante sugerido porque queremos muito comer "apenas uma massinha". E vice-versa. Queremos acordar em horários diferentes. Na hora de dormir, existe sempre aquele que apaga a luz mais tarde do que o outro, criando mais urticária no relacionamento.
Em algum momento da viagem temos vontade de matar nosso roommate. A sensação, I'm sorry to say, é reciproca. As fantasias são perigosas: um dos amigos pensa em esfaquear o outro; o outro pretende envenenar o primeiro. Nada acontece, thank God — exceto se o seu companheiro for um psicopata, o que é melhor saber antes!
Mas é fácil ver que amizades, casamentos e outros tipos de relação podem ficar profundamente abalados com uma viagem.
Tenho um amigo que fez uma viagem de "reavivamento de seu casamento" para a belíssima Sicilia. A tragédia foi tão grande que o próprio vulcão Etna resolveu participar com uma grande erupção.
Em parte, a razão desse despautério é explicada pelo legado de meu saudoso amigo Nelson Montag: "quando você viaja — disse ele — a primeira coisa que põe na bagagem são seus problemas." Ou seja: não adianta ir para Paris ou Roma porque aquele dor-de-amor não vai te deixar. By the way, Nelson era um viajante emérito, mas tinha lá seus problemas de conviver com as manias alheias.
Tenho a impressão, however, que se você ler atentamente essas linhas e for inteligente para abrir mão de parte de suas preferências (e de discutir esse tema com a sua companhia antes de embarcar), tudo pode dar certo.
Se, porém, passadas algumas tentativas, você decidir que vai tornar-se um viajante solitário, escolha bem o roteiro. Como sempre, planeje-se com denodo, de tal forma que, ao chegar ao destino, você o considere familiar como seu bairro. Com o coração aberto e a ausência de picuinhas, prevejo dois resultados possíveis. Você vai conseguir apaixonar-se mais pelo tema. Vai ter tempo de flanar e contemplar — duas tarefas fundamentais da arte viajora.
However, como a vida é o que é, existe a grande possibilidade de que, com o coração leve e a alma quente, você conheça, nesse lugar, seu verdadeiro companheiro de jornada. For ever and never.
Fonte: Facebook
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