Esclarecimento sobre os 312
países visitados por Mr. Miles
Alguns leitores desta coluna
notaram uma discrepância no número de países visitados por Mr.Miles. Um deles,
Arther de Lucca, de Goiânia reparou que, em relação ao número de delegações que
se apresentaram nas Olimpíadas, os mencionados 312 países representam um
surpreendente acréscimo de 61,65%. Já Vitor de Barros, de São Paulo, tem
certeza de que ocorreu um erro. "De 183 para 312 de uma vez só? Não pode
ser."
Mr. Miles explica, de próprio
punho, o que ocorreu:
"Queridos leitores: alguns
matemáticos, numerólogos, estatísticos e espiritos de porco, as you know,
andaram questionando o epíteto de 'homem mais viajado do mundo' que carrego,
orgulhosamente, nesse espaço. Muito deles, I must say, provaram que viajaram
mais do que os 183 países antes mencionados na coluna. Já tive o prazer de
confessar que tal cifra é uma mera brincadeira — resultante de um galanteio
ocorrido nos anos 60 na Califórnia. Na ocasião fui entrevistado por uma
belíssima repórter do San Francisco Chronicle, com quem quis, por razões
óbvias, prolongar a conversa. A certa altura dos acontecimentos, ela me
perguntou quantos países eu já havia visitado.
Eu não tinha a menor ideia,
porque não sou um colecionador de viagens, desses que colocam alfinetes no
mapa-mundi, como troféus. However, para garantir um segundo encontro com
Virginia (esse era o nome dela), comprometi-me a pesquisar e entregar-lhe a
informação solicitado em um segundo jantar. Foi assim — shame on me — que
inventei o número 183, que costumava me dar sorte. Confesso que, a julgar pelas
noites tórridas que vivemos na semana seguinte, o amuleto numérico funcionou às
mil maravilhas.
Well: com o passar do tempo,
sofri novas contestações. E decidi ir mais a fundo na investigação, embora
ainda a considere uma curiosidade useless. Minha tia Gwineth, que mora em
Birmingham e adora viajar, já havia me contado que tinha adquirido um
mapa-mundi recente, de 3 metros de largura por 2 de altura. "There is no
other as big as mine in the city.", contou-me alegremente.
Decidido, tirei meu carro
preferido, um Lagonda V12 Drophead Coupe,1938 (que deixo guardado na imensa
garagem de Lord Pickwic) e fui até a casa de titia. Dei-me ao trabalho de
verificar minuciosamente o belo mapa e, após oito horas de trabalho, um kidney
pie e alguns biscoitos amanteigados, cheguei à surpreendente informação de que
já visitei TODOS os países do mundo. Uns mais, outros menos, o fato é que essa
é a pura verdade.
Resolvi, então, pesquisar quais
países tinham mudado de nome, de regime e de fronteiras, para adicioná-los à
conta também. Por exemplo: a primeira vez que fui a Kotor, a cidade pertencia a
Yugoslávia; quando retornei, era território da Sérvia. E, agora (por enquanto)
passou a fazer parte de Montenegro.
O fenômeno repete-se mundo afora:
Zimbabwe já foi a soma da Rodésia do Sul com a do Norte; a Tanzânia chamava-se
Tanganica; havia uma Somália britânica e outra italiana. Na Ásia, a bela
Birmânia que conheci com Rudyard ( N.daR.: Rudyard Kipling, escritor britânico),
chama-se, agora Myanmá; o Ceilão ( what a beautiful name, isn'it?) hoje é Sri
Lanka.
Essa curiosa superposição ocorreu
em dezenas de lugares que, quase sempre, mudaram seus regimes políticos, seus
hábitos e a essência da própria nação. Considerei, então, muito justo incluir a
Indochina, Burkina Faso (antes Alto Volta), a Basutolândia, que agora atende
pelo nome de Lesotho e muitos outros.
O resultado final, portanto,
chegou a 312 países visitados — número que a querida redação resolveu estampar
para dirimir dúvidas.
Só lamento que não surja, nesse
instante, uma repórter linda como Virginia — a quem contaria toda essa história
de novo. Ou será que ainda tenho alguma chance, my friends?
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário