quarta-feira, 29 de setembro de 2021

GRANDES IRMÃOS

GRANDES IRMÃOS
Ruy Castro

O Brasil, cada vez menos família. Pelas peripécias de certos parentescos na Justiça —-Lula e seus filhos, Sérgio Cabral e sua mulher, Aécio Neves e sua irmã—, a família deixou de ser a "célula mater da sociedade", como se dizia, para se tornar o núcleo de quadrilhas organizadas com o objetivo de se dar bem. A família que corrompe unida continua unida —vide os irmãos Joesley e Wesley Batista.

Houve um tempo em que, em matéria de irmãos, e para citar apenas os mortos, o Brasil era servido de gente extraordinária. A começar pelos irmãos Andrada –José Bonifácio, Martim Francisco e Antonio Carlos–, a quem devemos a Independência. Ou pelos Rebouças –Antonio e André, engenheiros e abolicionistas. Ou pelos Azevedo –Aloysio, romancista, e Arthur, teatrólogo. E o que dizer dos Bernardelli –Rodolfo, Henrique e Felix–, mestres das belas artes? Ou dos Rodrigues –Mario Filho, Roberto e Nelson–, gênios em tantos departamentos?

Sem falar nos Guinle (Guilherme, Octavio, Arnaldo, Eduardo e Carlos), pioneiros de muita industrialização; nos Amado (Gilberto, Genolino e Gilson), escritores e educadores; nos Niemeyer (Paulo, neurocirurgião, e Oscar, arquiteto); nos Villas-Boas (Orlando, Claudio e Leonardo), a quem devemos o que restou dos nossos indígenas; nos Arns (Zilda e d. Paulo Evaristo), a quem devemos dignidade. E em Henfil, Betinho e Francisco Mario, a quem devemos coragem.

E as fabulosas irmãs Miranda –Carmen e Aurora? Os Gracie —Carlos e Helio. Os Gnattali —Radamés e Aída. Os Curi —Jorge, Alberto e Ivon. Os Farney —Dick e Cyll. Os Peixoto —Moacyr, Araken e Cauby. As Yáconis —Cleyde e Cacilda Becker. As Lispector —Elisa e Clarice.

Mesmo em se tratando de Batistas, também já os tivemos muito melhores: as estrelíssimas irmãs Linda e Dircinha.

Fonte: Folha de S. Paulo - 03/06/2017

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