GRANDES IRMÃOS
Ruy Castro
O Brasil, cada
vez menos família. Pelas peripécias de certos parentescos na Justiça —-Lula e
seus filhos, Sérgio Cabral e sua mulher, Aécio Neves e sua irmã—, a família
deixou de ser a "célula mater da sociedade", como se dizia, para se
tornar o núcleo de quadrilhas organizadas com o objetivo de se dar bem. A
família que corrompe unida continua unida —vide os irmãos Joesley e Wesley
Batista.
Houve um tempo em que, em matéria
de irmãos, e para citar apenas os mortos, o Brasil era servido de gente
extraordinária. A começar pelos irmãos Andrada –José Bonifácio, Martim
Francisco e Antonio Carlos–, a quem devemos a Independência. Ou pelos Rebouças
–Antonio e André, engenheiros e abolicionistas. Ou pelos Azevedo –Aloysio,
romancista, e Arthur, teatrólogo. E o que dizer dos Bernardelli –Rodolfo, Henrique
e Felix–, mestres das belas artes? Ou dos Rodrigues –Mario Filho, Roberto e
Nelson–, gênios em tantos departamentos?
Sem falar nos Guinle (Guilherme,
Octavio, Arnaldo, Eduardo e Carlos), pioneiros de muita industrialização; nos
Amado (Gilberto, Genolino e Gilson), escritores e educadores; nos Niemeyer
(Paulo, neurocirurgião, e Oscar, arquiteto); nos Villas-Boas (Orlando, Claudio
e Leonardo), a quem devemos o que restou dos nossos indígenas; nos Arns (Zilda
e d. Paulo Evaristo), a quem devemos dignidade. E em Henfil, Betinho e
Francisco Mario, a quem devemos coragem.
E as fabulosas irmãs Miranda
–Carmen e Aurora? Os Gracie —Carlos e Helio. Os Gnattali —Radamés e Aída. Os
Curi —Jorge, Alberto e Ivon. Os Farney —Dick e Cyll. Os Peixoto —Moacyr, Araken
e Cauby. As Yáconis —Cleyde e Cacilda Becker. As Lispector —Elisa e Clarice.
Mesmo em se tratando de Batistas,
também já os tivemos muito melhores: as estrelíssimas irmãs Linda e Dircinha.
Fonte: Folha de S. Paulo - 03/06/2017
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