Fernando Albrecht
Dois funcionários do governo do Estado que
estavam a serviço em Uruguaiana voltaram para Porto Alegre em ônibus da empresa
Planalto, no horário noturno. Os poucos lugares disponíveis ficavam nos últimos
bancos, perto da porta do banheiro. Após meia hora da monótona viagem, eles
cochilaram.
Mal tinham fechado os olhos e alguém abriu a
porta do banheiro, que além da fazer o barulho, quando fecha, acende a luz. Era
um rabino, roupa preta, barba longa, chapéu preto. Minutos depois da saída
dele, eles recomeçaram a cochilar. Nem meia hora depois, o rabino voltou,
interrompendo novamente o sono dos azarados passageiros.
Alguma coisa ele comeu de errado, pensaram os
funcionários, porque ele voltou ao banheiro do ônibus. Entre um e outro
passageiro que procurava o recurso móvel, lá vinha o rabino de novo. Eles não
queriam acreditar, mas de tempos em tempos lá vinha o cara de preto, da barba e
do chapéu.
Quando o ônibus chegou na Rodoviária da
Capital gaúcha, os azarados funcionários trataram de identificar o rabino e
chegaram a pensar em perguntar qual era o motivo de tanta dor de barriga. Assim
que levantaram do banco, desistiram da pesquisa.
Não era um rabino. Eram sete.
Fonte: fernandoalbrecht.blog.br
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