Com filho pequeno, você não deve
ficar nem um minuto desatento, para evitar tragédias. Sua cabeça tem sensor e
se prende aos movimentos do pequeno na praça, no shopping, na saída da escola,
na própria casa, enredada com tomadas, objetos e altura perigosa dos móveis.
O amor é sempre uma criança de
colo. Não permite lapso, distração, fuga de pensamento.
Você não pode pensar que conhece
a sua esposa e não se surpreender. Você não pode supor que está tudo bem e
parar de perguntar. Você não pode cansar de se importar e imobilizar a emoção.
Não pode se dar ao luxo de relaxar que custará uma vida doendo por dentro.
Amor é atenção extrema,
desaforada de existir.
Como é triste e decisivo quando a
mulher perde um brinco no jantar, e você não nota nada. Aquela orelha avulsa é
a desesperança. Aquela orelha nua é o frete de mudança se aproximando. Aquela
orelha manca é a falta de pernas das palavras. Aquela orelha sozinha é o
divórcio vindo. Não é brincadeira. Você é o espelho dela em movimento e se
posiciona para o lado oposto. Para o lado contrário. Para longe dali. Não mais
reflete o presente, apenas se contenta com o passado.
Pois não é capaz de reparar a
falta de brilho num dos lóbulos. Olha o rosto dela e não olha de verdade. Olha
para esquecer, não para lembrar. Se não percebeu a tempo que algo desapareceu,
não será atento quando ela se desapaixonar e extraviar a cintilação dos olhos.
Seguirá igual, sem o peso da observação que mantém ilesas as crianças e a
paixão.
O brinco solteiro é o amor
caindo. Para nunca mais ser par.
Seja o primeiro a apontar o
sumiço, antes que ela se dê conta que já não é mais real no casamento.
Fonte: Facebook
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