Ruy Castro
Boa ideia, a de
um novo concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, celebrando os 55
anos do concerto que, em novembro de 1962, acabou de implantá-la nos EUA. Tão
boa, aliás, que se pensou nisso no 30º, 40º e 50º aniversário do espetáculo,
sem resultado –pena, porque, em 1992, Tom Jobim e Luiz Bonfá ainda teriam
participado.
Do show original, além de Tom e
Bonfá, já se foram os cantores Agostinho dos Santos, Chico Feitosa, Ana Lúcia e
Caetano Zama, o pianista Oscar Castro Neves, o saxofonista Paulo Moura, o
guitarrista Durval Ferreira e os bateristas Milton Banana e Dom-Um. Continuam
entre nós Carlos Lyra (83 anos), Roberto Menescal (79) e Sergio Ricardo (84), o
cantor Normando Santos (84), Sergio Mendes (76), o contrabaixista Otavio Bailly
(78), o trompetista Pedro Paulo (78) e, claro, João Gilberto (85). Todos, quero
crer, estarão lá de novo, nem que seja na plateia.
Em 1962, meses antes do Carnegie
Hall, a bossa nova já chamara a atenção de muita gente boa. O flautista Herbie
Mann viera ao Rio em abril e gravara um disco inteiro com Jobim, Baden Powell e
o pessoal do Beco das Garrafas. Na mesma época, em Nova York, Miles Davis
estava gravando "Corcovado", mas o disco só seria lançado depois do
estouro de Stan Getz e Charlie Byrd com "Desafinado". Ou seja, em
novembro, a bossa nova já estava pronta para explodir no Carnegie.
Quem talvez não estivesse eram
alguns dos astros do show, jovens que, acredite, ainda moravam com a mãe. O
próprio Tom, 35 anos, esqueceu a letra de "Samba de uma Nota Só".
Mesmo assim, a bossa nova arrebentou.
Mas imagine se, naquela noite,
tivessem subido ao palco os safos e escolados Sylvia Telles, Johnny Alf, João
Donato, Claudette Soares, Alayde Costa, Baden Powell, Tamba Trio, Bossa Três,
Os Cariocas...
Fonte: Folha de S. Paulo
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