Por Frank Oliveira
Ontem, comi carne de frango e
vocês sabem, é proibido comer carne na Sexta-Feira santa. Comi
escondido, pois temia que alguém estivesse me olhando. Só Deus sabe e agora
vocês. Minha sorte foi que o Deus que me observava era o Deus dos
muçulmanos e ele só fica bravo se comemos algo proibido durante o
Ramadã.
No ultimo Ramadã, comi uma maçã e
também tive sorte, pois o Deus que me observava era o Deus dos
Hindus e ele só ficaria bravo se eu estivesse comendo um Big Mac,
afinal, as Vacas são sagradas para o Hinduísmo.
Mas eu como Big Mac. Gosto mesmo
de hambúrguer e a sorte que tenho é que toda vez que vou lá no
Macdonalds, o Deus que me observa é o Deus dos Judeus e ele só ficaria
bravo comigo, se eu estivesse comendo carne de porco.
O problema é que adoro um hotdog,
mas o Deus que me observa, toda vez que vou na barraquinha, é o
Deus dos Pagãos e ele não se importa, se eu escolho salsicha
de porco, de frango ou de soja, mas fica bem bravo quando eu como
carne entre a quarta de cinzas e o Sábado de Aleluia.
Para não contrariar nenhum dos
Deuses e continuar sendo devoto de todas as religiões (afinal,
nenhuma delas é perfeita, todas têm os seus prós e contras e sábio seria
o homem se aprendesse com todas elas), resolvi deixar os dogmas
de lado e seguir a minha vontade.
Sei que posso comer de tudo um
pouco e quando quiser, basta que eu o faça em moderação, assim como
sei, que apesar de acreditar que nada deva ser proibido ou ser pecado,
certas coisas não me convêm e eu posso passar bem sem elas.
A questão é que desconfio que no
fundo, apesar da diversidade, todas as religiões falam da mesma coisa
e refletem um único Deus que se divide em milhares de faces para
agradar ao homem que ainda só consegue acreditar em um Deus que
seja o reflexo do seu próprio espelho e o fato de comer ou não
carne em dias santos não melhora quem você é e nem o faz uma
pessoa mais consciente das lições deixadas por Jesus, Buda, Maomé,
Krishna ou qualquer outro homem santo que passou por esse
planetinha. O melhor sacrifício que podemos fazer não é o jejum
alimentar, e sim o jejum da moderação. A melhor peregrinação que podemos
realizar é o Caminho para dentro do nosso próprio coração e avaliar
não só na Páscoa, mas todos os dias, se estamos sendo pessoas melhores
para quem está ao nosso lado nessa vida.
Sim, eu sei, a gente só aprende
pela dor. Sim, eu sei o sacrifício é exemplo mais forte que milhares
de parábolas, lições e milagres.
Sim, eu sei sorriso e alegria não
convertem ninguém a uma religião; mas já carregamos cruzes demais,
(cada um sabe quanto pesa a sua) e se há motivos para comemorar a
Páscoa, vamos comemorar o fato que Jesus decidiu vir para a terra
entre tantos planetas que devam existir nesse universo (tá bom,
só tem vida na terra; claro, continua acreditando nisso,
Mané...) e aqui deixou pegadas de amor e lições maravilhosas. Foi-se o
tempo de admirá-lo pelo sofrimento e por seu sacrifício; celebre sua
passagem pela terra lembrando da alegria que ele sempre deixava
por onde passava e não pelos pingos de sangue que o Mel Gibson
mostrou que caiu pelo chão.
É época de renovação e meditação.
Lembre-se que você não é a carne ou o alface que come e sim o
pensamento e as ações que pratica.
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