Martha Medeiros
Aconteceu há algum tempo no Rio.
Uma mulher colocou um anúncio classificado no jornal em busca de um homem que
fosse disponível, hétero e que ganhasse ao menos dois mil reais por mês. Se era
piada, funcionou, porque gerou boas gargalhadas. Esta mulher solteira procura
não reivindicou honestidade, inteligência, bom humor ou conhecimento geral
resumiu-se ao básico do básico. Que o produto não tivesse compromisso com
ninguém, que gostasse de mulher e pagasse suas próprias contas.
O que
significa que o que sobra por aí é justamente o oposto. A comunidade gay só
aumenta. Se o candidato for surpreendentemente hétero, é provável que tenha
alguma namorada escondida na manga. E se for hétero, livre e desimpedido,
maravilha – mas talvez não tenha grana nem para um pastel de vento, vai
encarar?
Vai.
Porque o que mais se propaga por aí é a frase "Não tem homem no
mercado", e a mulherada que, como se sabe, não faz outra coisa na vida a
não ser se dedicar às pesquisas no súper, se apavora e acaba aceitando qualquer
promoção. Homem duro? Serve. Homem casado? Serve. Homem que mora com a mãe aos
45 anos? Serve. Sendo homem, serve.
Até que o cenário piora: é bandido?
Serve. Desrespeita você? Serve. Bate em você? Serve. Aí a mulher morre nas mãos
desse delinquente e ninguém entende.
Vamos dar um rewind? Começando por
parar de divulgar essa ameaça boba de que não tem homem no mercado. Tem, sim.
Tem um monte de homem solteiro, separado e viúvo que sonha em encontrar uma
mulher madura, companheira e independente. É verdade que há mais mulheres no
mundo do que homens, a vantagem é deles, mas apostar no desabastecimento das
gôndolas é o caminho mais curto para fazer bobagem. Você acaba se contentando com
o que sobrou no fundo da prateleira, já com o prazo de validade vencido.
Quando
vemos um homem sem mulher, pensamos: é porque ele não quer uma. Quando
vemos uma mulher sem homem, pensamos: é porque nenhum deles a quis.
Se
insistirmos nessa mentalidade medieval, continuaremos propensas a aceitar
qualquer carne de pescoço que se passe por filé. Não há por aí quem diga que
somos especialistas em detectar os desajustes de ofertas? Então, vamos tratar
de pesquisar bem e levar coisa melhor pra casa.
Fonte: Facebook
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