RÉCORDE OU RECORDE + SOLICITAMOS-LHE, VAMO-NOS!
--- Qual a forma correta, desse e demais verbos semelhantes: contatemo-nos ou contatemos-nos? Essa forma verbal possui o “s” ou não? Gustavo Oliveira, São Paulo/SP
--- Em nossas correspondências oficiais, é comum o uso do plural majestático. Nesse caso, eu devo escrever solicitamos-lhe, encaminhamos-lhe, ou, como sugere o corretor ortográfico do computador: solicitamo-lhe e encaminhamo-lhe? Maria Inêz, Belo Horizonte/MG
--- Gostaria de informações acerca do uso dos pronomes no, na, nos, nas, lo, las etc. Qual seria a forma correta: Manoel amou intensamente seus filhos, dava-lhes apoio irrestrito e pequenos gestos faziam-nos fortes ou faziam-os fortes (no sentido de fazer eles fortes). Antônio Silveira Neto, Campina Grande/PB
A melhor orientação: escreva encaminhamos-lhe o documento, solicitamos-lhes as fotos, fizemos-lhe um favor, com o S da desinência mos antes do pronome lhe. Elimine o S com os oblíquos nos e lo(s) apenas: vamo-nos, encontramo-nos, amamo-lo, temo-lo [temos + o].
O corretor ortográfico deve ter se baseado numa regrinha que genericamente diz: “A desinência pessoal mos perde o s antes de formas pronominais enclíticas”, sem especificar quais pronomes repelem o s. Ao mesmo tempo, como assegura Napoleão Mendes de Almeida, “gramaticalmente não se pode dizer errada a forma ‘queixamos-nos’. Se outro, no entanto, é o uso geral, explica-o a facilidade, ou melhor, o hábito da pronúncia, o qual regula a omissão ou não do ‘s’ final nos diferentes casos”.
Também confirmam a supressão do s somente antes de nos, “por eufonia”, autores como Laudelino Freire, Celso Pedro Luft, Vasco Botelho e Eduardo Carlos Pereira.
Quanto aos pronomes enclíticos o, a, os, as, sua forma depende da terminação do verbo:
>> Altera-se para lo, las, los, las quando a forma verbal termina em R, S, Z, como deixar, contatemos, faz, caindo essa consoante na nova composição: vamos deixá-lo em casa / contatemo-los agora / fá-los bem feitos.
>> Altera-se para no, na, nos, nas quando o verbo termina em som nasal: dão-no / põe-na / mostram-nas / fazem-nos.
Portanto, a frase do leitor Antonio fica assim: “pequenos gestos faziam-nos fortes”. Mas há um probleminha com o nos em tal situação verbal: pode-se confundir o objeto direto (é a primeira ou a terceira pessoa do plural?). O fato chamou minha atenção quando vi uma cena de perseguição num filme antigo, em que um dos líderes clamava: “Sigam-nos, sigam-nos!” Não dava para saber se ele queria dizer sigam a nós ou sigam eles (aos que estavam à frente).
--- Gostaria de saber como devo escrever e pronunciar a palavra recorde: como paroxítona ou proparoxítona? Maria Nair de Souza Resende, Uberaba/MG
A sua dúvida faz sentido, pois se ouvem as duas pronúncias no Brasil. Uma, à inglesa: récorde; outra, com base na grafia aportuguesada como paroxítona: recorde. O dicionário Houaiss 2009 registra, no verbete recorde, a variante recorde. Na edição anterior havia a observação de que “pelo menos no Brasil, ocorre também como palavra proparoxítona: récorde”.
Em dicionários mais antigos encontrei somente a grafia do inglês, por exemplo: “RECORD, s.m. Do ingl. Ato desportivo, verificado e registrado por personalidades ou associações desportivas competentes e que excede tudo o que foi precedentemente feito no mesmo gênero” (Laudelino Freire, 1957).
Por pressão social, repórteres de televisão e rádio assim como falantes em atos oficiais estão cada vez mais usando a forma paroxítona, embora ainda possa causar certa estranheza nos ouvintes, provavelmente pelo fato de a palavra “recorde” nos reportar ao verbo “recordar” (recorde = lembre). Se o inglês ticket foi aportuguesado conforme absorvido pelos falantes de português, isto é, tíquete, assim com acento indicativo de proparoxítona, por que não se oficializa, afinal, a grafia récorde
Fonte: www.linguabrasil.com.br
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