É curioso quando alguém rejeita a
ideia de dançar loucamente até de manhã ou de se arriscar em uma aventura
alegando que não tem mais idade.
A afirmação está errada. Não
seria o contrário? Não é o caso de sobrar idade? O excesso de idade vai criando
obstáculos e fortalecendo as censuras. Não é que não tem mais idade, o exagero
de anos faz com que recue de qualquer exagero. Mas sempre se inventa um jeito
de mentir a idade para menos, mesmo quando é para mais.
Não é a experiência que subtrai o
entusiasmo, é a falta de vontade. A tradução de "não tenho mais idade para
isso" é simplesmente não tenho mais vontade.
Não é culpa da idade não subir em
árvore e telhado, pular uma cerca e de bung jump. É consequência de uma
paralisia motivacional. O medo vai deixando de oferecer prazer, como na
adolescência, onde testamos os nossos limites e inventamos uma legislação daquilo
que realmente importa e que merece ser proibido.
Há também a dispersão das turmas
geracionais, onde a coragem aparecia na companhia de amigos da escola, da
universidade ou do trabalho: viagens incríveis, luau na praia, risadas
histéricas a partir dos erros de comunicação.
Vem o tempo do lobo solitário, em
que as decisões são adotadas solitariamente, não sendo mais influenciado e não
seguindo mais o desejo dos outros.
Vem o tempo da sensatez,
representado na mecânica de só fazer o que deu certo, só repetir o que
funcionou, sacrificando a espontaneidade louca da vida.
A liberdade é substituída pelo
conforto. Pede-se o mesmo prato no restaurante, pede-se a mesma bebida no bar,
volta-se aos lugares e cidades consolidados pelo prazer.
Viver e recordar tornam-se
sinônimos. Recusa-se a arcar com esse adicional de insalubridade da juventude.
O fôlego diminui simbolicamente em função da cautela, assume-se o papel de juiz
das experiências, avaliando a que vale e a que não presta. A maior parte do dia
é dedicada a emitir sentenças aos filhos, aos colegas e aos amigos de como eles
são ingênuos.
O empecilho etário corresponde
ainda a um receio da gafe, já que não tem como prever a habilidade em uma
situação nova. Não se aprende nada diferente com o claro objetivo de propagar
os seus talentos antigos.
Aquele que diz que não tem mais
idade civilizou a covardia, pretende evitar sujar a sua imagem e prejudicar a
sua opinião moderada. De que serve a sabedoria que não pode ser renovada?
Não ter mais idade é martelar os
primeiros pregos do próprio caixão. Ser enterrado vivo na esperança.
Fonte: Facebook
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