Martha Medeiros
Não estou assistindo ao Big
Brother, mas vi a chamada para o programa dia desses. Mostrava uma moça, uma
das participantes, olhando pra câmera e dizendo com ar dramático: "Eu sou
uma guerreira!!".
É de dar nos nervos. Guerreira
por quê? Porque está participando de um programa de televisão que vai levá-la,
no mínimo, à capa da Playboy?
Guerreira porque foi escolhida
entre milhões de candidatos para ficar comendo do bom e do melhor e jogando
conversa fora com um monte de desocupados? As pessoas não têm culpa de serem
burras, mas mereciam uma surra por se levarem tão a sério.
O Big Brother é um programa de
tevê como outro qualquer e não defendo sua extinção, mas é preciso ficar atento
a certos exageros.
Por exemplo, é um exagero
condenar o jornalista Pedro Bial por apresentá-lo, o cara está trabalhando, só
isso. Por outro lado, ele perde a noção quando chama aquele pessoal de
"nossos heróis".
É o mesmo caso do
"guerreira": a troco de que usar essas expressões graves e
superlativas para falar de uma brincadeira televisiva onde todos sairão
ganhando?
O que irrita no Big Brother, mais
do que sua inutilidade, é o fato de os participantes serem tratados como
vítimas. Qual é? Circula pela internet um arquivo PPS que, pela primeira vez na
história dos PPS, me tocou.
Ele mostra heróis de verdade:
homens e mulheres que abrem mão do conforto de suas casas para fazer trabalho
voluntário em aldeias na África e em clínicas móveis no Líbano.
São pessoas que oferecem ajuda
humanitária internacional através do programa Médicos sem Fronteiras e que não
medem esforços para dar amparo e assistência a moradores de ruas e demais
necessitados, seja no fim do mundo e ou aqui mesmo nas ruas do Brasil. Isso é heróico,
isso é ser guerreiro.
Quantos de nós, bem nascidos e
bem criados, abrem mão de seus pequenos luxos para ajudar quem precisa?
Por isso, se você é da turma que
liga pro Big Brother pra votar em paredões, pense melhor antes de erguer o
telefone. Direcione sua ligação para um programa assistencial, gaste seu
dinheiro com algo que realmente seja útil.
Assista ao BBB, divirta-se e dê
audiência, não há nada de errado com isso, mas cada vez que tiver o impulso de
ligar pra tirar fulano ou sicrana do programa, se toque: tem gente mais
necessitada precisando da sua ligação.
O site do Unicef traz uma lista
de entidades que você pode colaborar dando apenas um telefonema. Quer dar uma
espiadinha? Então espie o que está acontecendo à nossa volta.
Zero Hora – 23/01/2008
Fonte: Facebook
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