O plantão no Foro Central da
grande capital era, sete vezes por semana, das 6 da tarde às 9 horas da manhã
seguinte. Havia uma escala de cinco juízes que se revezavam, na carga de 15 horas,
com direito a merecida soneca nos eventuais períodos, na madrugada, de
calmaria. Quatro magistrados eram pontuais.
Os dias de plantão do Dr. Auro –
o quinto da escala - eram um sufoco. Ele jamais chegava antes das 23h., afinal
dava aulas noturnas no campus avançado de uma universidade, à beira-mar, a mais
de 100 km da capital.
Nessas cinco horas que mediavam
entre o horário marcado para o efetivo início das atividades plantonistas e a
chegada do Dr. Auro, se formava uma extensa fila de advogados e partes, que se
enfureciam com o atraso. Uma oficial de justiça gentil era escalada para dar
esfarrapadas explicações sobre os atrasos do Dr. Auro. Algumas pessoas
aceitavam, outras reclamavam, umas poucas tentavam – e não conseguiam – falar
com o corregedor-geral.
O Dr. Bento Ozório, advogado
astuto, uma noite, com petição e fotos à mão, foi ao Plantão do TJ em busca de
uma produção judicial antecipada de provas para comprovar a ausência do juiz no
plantão do fórum. Requereu até que o desembargador plantonista do tribunal
fizesse uma inspeção judicial.
A petição inicial foi indeferida,
mas o desembargador levou o caso à Corregedoria. Ali calculou-se que, pelos
atrasos sistemáticos nos seus seis ou sete plantões mensais, o Dr. Auro
sonegava pelo menos 30 horas mensais de trabalho. Sem ser punido, ele foi
remanejado para um JEC e também segue fazendo substituições alhures.
O Dr. Auro continua dando aulas
noturnas na faculdade à beira-mar. E não se tem notícias do “banco de horas”
dele na jurisdição cível.
Fonte: www.espacovital.com.br
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