Martha Medeiros
Um novo ano está começando.
Por mais cético que você seja, por mais que você não acredite que a passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro provocará alguma alteração cósmica, por mais que você considere toda essa contagem regressiva uma chatice, não dá para negar que é uma época propícia para fazer um descarrego.
Não estou sugerindo que você visite um terreiro para tomar passes de um preto-velho. Estou falando de um descarrego mais urbano, rápido e eficiente: abra seus armários e doe pelo menos metade do que encontrar.
Você tem roupas que usou uma ou duas vezes e que estão guardadas há anos. É bem provável que tenha que comprar algumas peças novas para encarar as festas que o verão vai trazer. Ou seja, irá acumular mais e mais roupa. Chega.
Desça do cabide tudo o que não usa e faça um bazar beneficente. Venda tudo baratinho e doe a renda para uma instituição de caridade, um asilo, um orfanato, uma associação - gente necessitada é o que não falta. Inunde a cidade de reuniões ao estilo garage sale.
Liquide com os excessos. Convoque os amigos, selecionem tudo o que está sobrando em casa (não vale maridos e esposas) e organize um final de semana festivo a outro modo: incentivando um consumismo de purificação. Ou seja, alivie-se das suas tralhas.
Uma amiga, outro dia, usou um termo bacana pra isso. Ela disse que tudo o que guardamos e não usamos é energia parada. Certíssima.
É necessário que a gente se desfaça desse imobilismo, que a gente movimente o estoque, que abra espaço para o novo, que propicie que outras pessoas dêem utilidade para o que não nos serve mais.
É preciso fazer a vida circular, passando adiante o que está inerte. Esse exercício de desapego também ajuda a limpar nossa aura.
E não precisa ser um desapego só de roupas. Pode ser uma doação de livros. De medicamentos com prazos ainda válidos.
De revistas antigas. Louça que você não usa mais só porque está lascada. Móveis que estão abandonados num depósito à espera de um interessado. O que mais dá em árvore no Brasil: interessados.
Aproveite e limpe também sua caixa de e-mails, renove sua agenda de telefones, peça desculpas para as pessoas com quem brigou neste ano (mágoas e rancores também são energia parada) e escancare as janelas: hora de arejar a vida.
É um outro tipo de expectoração. De esfoliação. De despacho. Sério, desfazer-se do que não precisamos ajuda até mesmo a organizar o nosso pensamento, deixa a cabeça mais leve, as ideias mais claras.
E essa movimentação toda ainda vai fazer você perder alguns gramas. Finalmente, uma anorexia do bem, uma compulsão generosa.
Resolução de fim de ano: botar a casa abaixo, libertar-se do acúmulo de tranqueiras e sair deste 2007 carregando menos peso.
Zero Hora - 26 de dezembro de 2007
Fonte: Facebook
Um novo ano está começando.
Por mais cético que você seja, por mais que você não acredite que a passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro provocará alguma alteração cósmica, por mais que você considere toda essa contagem regressiva uma chatice, não dá para negar que é uma época propícia para fazer um descarrego.
Não estou sugerindo que você visite um terreiro para tomar passes de um preto-velho. Estou falando de um descarrego mais urbano, rápido e eficiente: abra seus armários e doe pelo menos metade do que encontrar.
Você tem roupas que usou uma ou duas vezes e que estão guardadas há anos. É bem provável que tenha que comprar algumas peças novas para encarar as festas que o verão vai trazer. Ou seja, irá acumular mais e mais roupa. Chega.
Desça do cabide tudo o que não usa e faça um bazar beneficente. Venda tudo baratinho e doe a renda para uma instituição de caridade, um asilo, um orfanato, uma associação - gente necessitada é o que não falta. Inunde a cidade de reuniões ao estilo garage sale.
Liquide com os excessos. Convoque os amigos, selecionem tudo o que está sobrando em casa (não vale maridos e esposas) e organize um final de semana festivo a outro modo: incentivando um consumismo de purificação. Ou seja, alivie-se das suas tralhas.
Uma amiga, outro dia, usou um termo bacana pra isso. Ela disse que tudo o que guardamos e não usamos é energia parada. Certíssima.
É necessário que a gente se desfaça desse imobilismo, que a gente movimente o estoque, que abra espaço para o novo, que propicie que outras pessoas dêem utilidade para o que não nos serve mais.
É preciso fazer a vida circular, passando adiante o que está inerte. Esse exercício de desapego também ajuda a limpar nossa aura.
E não precisa ser um desapego só de roupas. Pode ser uma doação de livros. De medicamentos com prazos ainda válidos.
De revistas antigas. Louça que você não usa mais só porque está lascada. Móveis que estão abandonados num depósito à espera de um interessado. O que mais dá em árvore no Brasil: interessados.
Aproveite e limpe também sua caixa de e-mails, renove sua agenda de telefones, peça desculpas para as pessoas com quem brigou neste ano (mágoas e rancores também são energia parada) e escancare as janelas: hora de arejar a vida.
É um outro tipo de expectoração. De esfoliação. De despacho. Sério, desfazer-se do que não precisamos ajuda até mesmo a organizar o nosso pensamento, deixa a cabeça mais leve, as ideias mais claras.
E essa movimentação toda ainda vai fazer você perder alguns gramas. Finalmente, uma anorexia do bem, uma compulsão generosa.
Resolução de fim de ano: botar a casa abaixo, libertar-se do acúmulo de tranqueiras e sair deste 2007 carregando menos peso.
Zero Hora - 26 de dezembro de 2007
Fonte: Facebook
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