Fabrício Carpinejar
Quem não recordava o aniversário
de namoro, do primeiro beijo, da primeira transa, não era capaz de reconstituir
onde se conheceram, com que roupa estavam vestindo, sofre menos com a
separação.
Quem não tenta fixar o último
beijo, reprisar a última frase, recuperar a derradeira mensagem, sofre menos
com a separação.
Quem não colecionava fotos, não
se preocupava em guardar pasta do casal nos meus documentos, sofre menos com a
separação.
Quem não tinha fé quando faltava
compreensão sofre menos com a separação.
Quem não comemorava os meses
quebrados, depois os anos inteiros de relacionamento, não fazia a ordem
cronológica dos diálogos, não recuperava as grandes piadas, não conservava os
maiores encantos, sofre menos com a separação.
Quem não trazia as alegrias para
as brigas, mesmo as minúsculas, para suavizar a raiva, sofre menos com a
separação.
Quem não desenvolvia dialetos,
expressões, não dava apelidos carinhosos, não infantilizava e envelhecia o
outro para recuar e avançar em todos os tempos da vida, sofre menos com a
separação.
Quem não abria a agenda para
preparar jantar em casa, regado a vinho e músicas prediletas, quem não
telefonava para avisar da lua cheia no céu, sofre menos com a separação.
Quem não criava presentes, não
escrevia cartões e cartinhas antes de sair em viagem, quem não preparava
declarações públicas nas redes sociais, sofre menos com a separação.
A dor é memória multiplicada, do
que aconteceu e, em especial, do que não aconteceu.
Só sofre quem se comprometia a
lembrar de tudo porque nada era insignificante.
Homens e mulheres de pouca
memória estão salvos, não conhecem a angústia do amor.
Fonte: Facebook
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