terça-feira, 11 de julho de 2023

ROMANCE FORENSE

Charge de Gerson Kauer
Prestação jurisdicional industrial

Ao acaso, numa festa do meio empresarial, encontram-se, numa roda, alguns conselheiros da OAB-RS com um desembargador - normalmente afável, quase sempre presente na corte e que tem por hábito receber os advogados – ainda que exija o prévio agendamento.

A conversa começa com eleições na Ordem, três chapas; logo discute-se o pleito no TJRS, duas chapas; comenta-se também os riscos de deixar crescer, cada vez mais, a “estagiariocracia”; o desembargador sustenta que a “assessorcracia” é confiável.

Um profissional de notória advocacia contenciosa refere que é mais fácil encontrar determinados juízes na sede da Ajuris do que no foro central.

Aproxima-se da roda um capitão da indústria e revela:

- Os advogados que hoje me atendem, dizem ter saudade dos tempos do Fórum da Rua Siqueira Campos. E eles lamentam não saber mais se ainda existe prestação jurisdicional minuciosa.

Provocado, o desembargador admite:

- É lamentável, mas por causa da multiplicação de processos, a jurisdição está sendo prestada, de fato, também por pessoas sem predicados. E na conjunção não se pode mais fazer jurisdição artesanal.

Um diretor da Ordem gaúcha, então, mostra-se perplexo:

- Estou espantado em saber que, atualmente, não há mais jurisdição artesanal. O que há de ser, então? Industrial?

Súbito a conversa termina porque, coincidentemente, o mestre de cerimônias anuncia que “a cerimônia vai começar, solicitando-se aos convidados que ocupem seus assentos”.

O assunto, assim, é encerrado.

A conclusão, aqui, é por conta do editor do Espaço Vital: ou a prestação jurisdicional é artesanal, ou não é jurisdição!

Mera coincidência que, há duas semanas, ministros do STF tenham criticado uma decisão vinda da justiça de Piracicaba (SP): era um modelo pré-pronto, verborrágico, com fórmulas vazias e desvinculadas de qualquer base empírica, sem qualquer adaptação ao caso concreto, com desatenção até ao gênero dos substantivos e flexões gramaticais.

Enfim é o que temos!...

Fonte: www.espacovital.com.br

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