Uma amiga tomou um Uber no Leblon e mandou
tocar para a rua Paissandu. O motorista digitou na maquininha e esta o informou
de que a rua Paissandu ficava em Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio —a
28 km da rua Paissandu, no Flamengo, que era aonde a passageira queria ir. Por
sorte, ela não custou a perceber o absurdo. Para o aplicativo, a histórica rua
de palmeiras centenárias era a segunda opção relativa a este nome.
Ninguém mais se espanta quando um motorista do Uber admite
não saber chegar a lugar nenhum sem o aplicativo. O problema está em ele não
saber também usar o aplicativo. Se este o mandar atirar-se no mar ou do alto do
viaduto, ele o fará.
Mas, pelo que me dizem, logo tudo será passado. Quando
chegarem os carros autônomos, os motoristas do Uber estarão tão extintos quanto
os taxistas e os pterodáctilos. Indo a qualquer lugar —não importa onde
esteja—, bastará um clique no celular para que um carro sem motorista se
ofereça a você em 30 segundos, já com a porta aberta e seu destino gravado na
memória. Como?
Simples. As pessoas, se quiserem, continuarão indo de carro
para o trabalho. Mas, lá chegando, o carro prosseguirá sozinho pelas ruas,
parando em algum posto para tomar uma ou prestando serviços, como aceitar
passageiros —e, com isso, pagando a própria gasolina. Uma central saberá o
paradeiro de todos esses carros e um deles é que se aproximará para apanhá-lo.
E quem sabe a memória dele não terá espaço para a história?
Assim, ele saberá que a rua Paissandu, uma das mais queridas dos cariocas, é
aquela que liga a Praia do Flamengo à antiga rua Guanabara, hoje Pinheiro
Machado, onde ficava a residência da princesa Isabel, hoje Palácio Guanabara. A
princesa a tomava diariamente em sua carruagem —com cocheiro—, a caminho do
banho de sol.
Fonte: Folha de S. Paulo
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