Fabrício Carpinejar
Casamento não é recompensa. Você não pode fazer ou deixar de
fazer por aquilo que o outro oferece. Moldar-se pelas gratificações cria o
inferno das frustrações. Quem realiza uma gentileza para ser beneficiado
sofrerá na hora de agir e também durante a espera. A contrariedade do gesto -
ter uma vantagem em vista - aumenta posteriormente a cobrança.
O que existe de gente que apaga o seu temperamento na
relação quando não recebe o equivalente em troca. Se era amoroso, para de ser
diante do laconismo de seu par. Se era alegre e cantante, para de ser em função
da rabugice do seu par. Se servia café na cama, suspende a regalia quando não
tem retribuição. Se largava bilhetinhos derramados pela casa, economizará papel e caneta na ausência de resposta.
Não devemos nos submeter a causa-efeito. Talvez o
comportamento dependente de troféus e estímulos venha da infância. Os pais nos
condicionam a cumprir as tarefas mais prosaicas com algum brinde: come tudo no
prato que tem direito a sobremesa, arrume o quarto e pode sair com os amigos,
acabe os temas da escola e ficará liberado para jogar PlayStation. O risco é
carregar as promissórias em aberto para a vida adulta e não se desvincular dos
incentivos familiares.
A necessidade de lucrar emocionalmente apaga a
espontaneidade dos laços. Os primeiros meses da relação são perfeitos porque a
fatura ainda não fechou. É se enxergar sozinho na oferta e desencadeia a
avareza e as queixas.
Aquele que é romântico de olho no paparico em seguida não é
verdadeiramente romântico - é oportunista. Aquele que cozinha para depois não
se mexer no sofá está investindo em seu egoísmo.
Ou você gosta de amar, independente do resultado, ou a sua
felicidade será sempre emprestada.
Fonte: Faceboob
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