Fabrício Carpinejar
Farei 44 anos no domingo dia 23. Já estou maduro, entrei na
fase do presente útil. Findou a infância da comemoração, a exigência por festas
e os laços dos pacotes.
Promovo campanha para que os amigos e familiares não
desperdicem os seus recursos e me dêem algo que eu realmente precise. Nem
precisa embrulhar.
Escrevo uma lista objetiva do que me falta. Sopro as
respostas. Não nego as intenções.
Não ambiciono o lucro imaginário - pois quem não pede coisa
alguma deseja tudo. Não professo falsa humildade - pelo menos, a minha
arrogância é verdadeira.
Sou capaz de encomendar um sapato e indicar o site de menor
preço, coisa impensável nos aniversários anteriores, onde eu queria ser
surpreendido e não me inferiorizava a oferecer dicas e sugestões.
Eu me alegro ao preencher as minhas urgências. Antes
exultava com as extravagâncias.
Abandonei a vitrine pelo fundo da loja. Os sonhos de consumo
foram substituídos pela partilha miúda do cotidiano. Viabilizar o final do mês
sem gastos extras soa melhor em minha vida do que acumular fantasias.
É bem mentalidade de velho, logo admitirei a impessoalidade
de depósitos bancários.
Sou ecumênico nas necessidades. Tampouco desdenho
eletrodomésticos e panelas que fariam qualquer mulher a entrar com a Maria da
Penha. Virei realista. Está mesmo na hora de trocar o liquidificador.
Quando criança, o tormento era receber roupas, o anticlímax
da festa. Roupa não poderia ser considerada presente até os 11 anos. Presente
se resumia a brinquedo, e nada mais.
Roupa não mais me inspira ingratidão. Atualmente sou
favorável a renovar as gavetas e cabides.
Só não me compre pijama,
amadureci mas não estou morto.
Fonte: Facebook - out/2016
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