segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

MEU CANDIDATO

Martha MedeirosMartha Medeiros

Ele, ou ela, tem entre 40 e 70 anos, talvez um pouco menos ou um pouco mais, idade de quem já fez algumas besteiras e por conta delas sabe o que vale a pena e o que não vale nessa vida.

Nasceu no interior ou na capital, não importa, desde que tenha estudado, e se foi em escola pública ou particular, também não importa, desde que tenha lido muito na juventude e mantido o hábito até hoje, e que através da leitura tenha descoberto que o mundo é injusto mas não está estragado para sempre, que um pouco de idealismo é necessário, mas só um pouco, e que coisas como bom senso e sensibilidade não precisam sobreviver apenas na ficção.

Ele, ou ela, é prático, objetivo e bem-humorado, mas não é idiota. Está interessado em ter parceiros que governem como quem opera, como quem advoga, como quem canta, como quem leciona: com profissionalismo e voltado para o bem do outro, e que o dinheiro seja um pagamento pelos serviços prestados, não um meio ilícito de enriquecer. Alianças, ele quer fazer com todos os setores da sociedade, e basta, e já é muito.

Ele, ou ela, sabe se comunicar porque seu ofício exige isso, mas comunicar-se é dizer o que pensa e o que faz, e como faz, e por que faz, e se ele possui ou não carisma, é uma questão de sorte, se calhar até tem. Mas não é bonito nem feio: é inteligente. Não é comunista nem neoliberal: é sensato. Não é coronelista nem ex-estudante de Harvard: é honesto.

Meu candidato, ou candidata, é casado, ou solteiro, ou gay, pode ter filhos ou não: problema dele. Paga os impostos em dia, tem orgulho suficiente para zelar por seu currículo, possui um projeto realista e bem traçado, e não está muito interessado em ser moderno, mas em ser útil.

Meu candidato, ou candidata, é ateu, católico, evangélico, budista, não sei, não é da minha conta. É avançado quando se trata de melhorar as condições de vida das minorias e maiorias, e é retrógrado em questão de finanças: só gasta o que tem em caixa, e não tem duas.

Ele, ou ela, é uma pessoa que tem ideias praticáveis, que aceita as boas sugestões vindas de outros partidos, que não tem vergonha de não ser malandro, e sim vergonha de pertencer a uma classe tão desprovida de credibilidade, e tenta reverter isso cumprindo sua missão, que é curta, e por ser curta, ele concentra nela todos os seus esforços.

Pronto. Abri meu voto.

Fonte: Facebook

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