Fabrício Carpinejar
Você se separa por pouco e só volta por muito.
A ruptura aconteceu por uma bobagem, já a reconciliação
invoca sérias mudanças.
Se a distância surge por um troco, retomar a proximidade
pressupõe uma fortuna.
Excluindo a separação pelas razões radicais de infidelidade
e incompatibilidade, ela tende a ser desencadeada por nada: uma diferença que
transbordou ou uma grosseira fora de hora. O estopim das crises vem de
pretextos bobos, ou é o lixo que não foi levado, ou é a louça que não foi
lavada, ou é um ciúme gratuito. Ninguém se separa por grandes causas, em defesa
de um plano educacional ou em nome da reforma agrária. A separação é deflagrada
por motivos banais e egoístas, não emerge de conflitos ideológicos e
argumentações generosas a favor da coletividade.
Por sua vez, o retorno vira uma epopeia, ninguém aceita o
outro de volta facilmente.
Se quebrou os pratos porque recusou gastar em um pulo à
serra agora o ressarcimento da união
depende de uma viagem internacional.
É simples se separar e é extremamente difícil voltar. A
separação é barata, a reconciliação é cara.
Do grito de nunca mais à súplica por mais uma chance,
migrará da avareza ao endividamento.
Para resolver as discussões de relacionamento, bastava
atender a uma mera lista de supermercado. Após o término receberá uma lista de
exigências de sequestrador.
Para a reconciliação, você precisa fazer em um dia o que não
fez durante toda a relação. Não é somente corrigir o que originou a discussão,
fica condicionado a cumprir o que gerava silenciosa insatisfação na companhia.
O suave retoque e as rápidas aparas no temperamento cobrados anteriormente não
servem mais, resgatará o status mediante uma completa cirurgia plástica na
personalidade.
Na briga, é se desculpar que os laços são refeitos. Na
reconciliação, não é somente verbalizar o perdão, você será testado e humilhado, condenado a provar o
efeito das palavras em atitudes e gestos em longo período de experiência.
Ou seja, para obter o reato você perdeu absolutamente tudo o
que conquistou e mais um pouco. Não está na estaca zero, mas no negativo,
arcando com juros abusivos.
Na hipótese de sair de casa por um desentendimento na
programação de sábado, para recuperar o amor, será obrigado a largar o futebol
de terça e o chopp com amigos na quinta, que não tinham nenhuma conexão com a
pendenga. Retornará para a residência mais pobre moralmente e com menos
autoridade do que quando partiu. Assumirá privações para liquidar a saudade e
aceitará concessões impensáveis para convencer que o fim não irá se repetir.
Se você se separou porque não queria assumir o namoro,
apenas conseguirá a mulher de novo ao pedi-la em casamento.
Pense duas vezes antes de se separar para não pagar quatro
vezes mais a volta.
Fonte: Facebook
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