A contestação a uma ação de despejo era reveladora que seu
signatário não tinha o mínimo de formação cultural. “O primarismo é palmar, de
ignóbil nível de conhecimento jurídico, com erros crassos de português”. –
informou o juiz à OAB.
O magistrado se espantara com o pouco conteúdo jurídico e a
inexistência de nexo - entre fatos e negações - de uma contestação a uma ação
de despejo que lhe chegou ao gabinete.
O magistrado vira, também, que algumas longas frases se
estendiam por quatro ou cinco linhas. E que o comum era o texto conter uma
vírgula antes de – logo adiante – prosseguir em mais duas ou três outras linhas
que, sem pontuação, mudavam completamente de assunto.
Em linguagem jornalística, era um calhamaço. Pior: o
´conteúdo´(?) tinha grafias como “denumciados", "vestijos",
"emediatos" e "posivel".
O juiz, então, conferiu e comprovou: o advogado era
diplomado em Ciências Jurídicas e Sociais e estava regularmente inscrito na
Ordem.
Foi por isso que o magistrado enviou à seccional da OAB um
ofício contundente: “Escuso-me por expressar minha avaliação de que a
contestação se revelou de um primarismo palmar, de ignóbil nível de
conhecimento jurídico, com erros crassos de português e sem o mínimo de
formação cultural".
O juiz arrematou: "Como essa entidade é órgão de
seleção disciplinar e de defesa da classe dos advogados, acredito seja de seu
interesse apurar as razões da inépcia desse integrante de seus quadros”.
Eram os anos noventa. Foi o ponto de partida, então, para
que a OAB de São Paulo - destinatária da carta enviada pelo atento juiz -
liderasse um movimento nacional entre as congêneres, e com forte apelo e apoio
políticos no Congresso. Foi assim que, em 1994, o então novo Estatuto da
Advocacia (Lei nº 8.906) passou a estabelecer: “Art. 8º - Para inscrição como
advogado é necessário: (...) IV - aprovação em Exame de Ordem”.
Agora em 2015, o estranho deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
procura mover o que estiver à sua frente para tentar extinguir o Exame de
Ordem. Autor da frase “o povo não está nem aí para o que eu digo, só pega a
última frase", o presidente da Câmara Federal já foi comparado ao
protagonista Francis Underwood - da série (EUA) ´House of Cards´ - que encarna
um parlamentar inescrupuloso capaz de qualquer coisa para alcançar as ambições.
Mas Cunha ri e diz que “o cara é ladrão, gay e corno – e
assim não posso me identificar com um cara desses”.
Fonte:
www.espacovital.com.br
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