Nosso viajante nos Jogos Olímpicos
Alguém de vocês já o viu? Mr. Miles está no Rio de Janeiro ("no Rio e não na Barra", esclarece) para o período das Olimpiadas. Ele mesmo esclarece: "Well, my friends, tenho sentimentos opostos em relação aos Jogos. Parece-me, de um lado, uma competição excessivamente nacionalista, com hinos, bandeiras e rivalidades históricas. Não gosto, anyway, dessa necessidade que o Homem tem de superar o Homem. Parece-me daquelas disputas infantis do tipo 'quem é que cospe mais longe'. O que me agrada, however, é ver tantas nacionalidades reunidas. Tanta gente bonita e saudável trocando ideias e aproximando-se, sem a necessidade de pomposas conferências que, unfortunately, acabam sendo apenas um palco maior para nossas desavenças. Não vou ver as competições, mas vou conviver com aqueles que vieram acompanhá-la. Aliás, é isso que estou fazendo no momento, com uma caipirinha em punho — o melhor que se pode beber antes de um whisky.
A seguir, a pergunta da semana:
Mr. Miles: como posso lidar com essa sensação de que há muitos mais lugares para se ver e rever do que nós podemos visitar? Eu aceitaria um convite seu e da Trashie para um cream tea ou um fish and chips para ouvir sua resposta.
Daniela Nardi Toni, por email
Well, my dear: sua pergunta é, de certa forma, metafísica. Vai além da nossa compreensão da essência das coisas. E, no entanto, é preciso aceitar que somos menores do que nossas vontades, que duramos menos do que gostariamos para conhecer o que nos interessa, que somos mais curtos do que a ponte que atravessa o rio infestado de crocodilos famintos — e portanto vamos apenas até onde podemos.
Existe, however, outra forma de ver a questão. Não o copo meio vazio, mas o copo meio cheio. Thank God, temos a chance de visitar ou rever tudo o que queremos enquanto existimos. É nossa prerrogativa escolher o quanto de nossas vidas vamos dedicar às descobertas e às redescobertas. Temos a inigualável vantagem de sonhar com tudo, sem qualquer limite. E viver todos os sonhos, um de cada vez, até que não tenhamos mais como fazê-lo porque deixamos de existir. Nesse caso, I presume, o que não fizemos não fará mais falta. E sequer vamos ter lágrimas para lamentar aquilo que não foi possível porque, for God sake, mortos não choram.
De minha parte, apesar da idade provecta, não cultivarei a ansiedade pelo que não sei se será possível. Não chorarei os campos de lavanda que não vi nem aspirei, ou as geleiras que gostaria de conhecer, embora ainda assim estejam sumindo.
O melhor, darling, é tentar compartilhar tudo o que tenho a oportunidade de ver, sentir e refletir com leitores que ainda estejam nesse mundo muito depois de mim — o que, I'm sorry to say, parece improvável, dada a minha inacreditável longevidade. É o que faço todas as semanas neste espaço, nas crônicas que escrevo para jornais de outros continentes e nos livros que vou deixar — com informações e impressões sobre lugares que talvez você não tenha a oportunidade de conhecer, porque optou por outros roteiros.
Don't you agree?
Fonte: Facebook
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