Fabrício Carpinejar
O sim no amor é à vista.
O sim no amor deve ser definitivo.
O que irrita são as pessoas hesitantes, claudicantes,
indecisas, que racionalizam a emoção e dizem sim apressadamente para ir negando
aos poucos.
O sim no amor não pode ser parcial, com intermitentes recuos
e progressivas desculpas.
O sim no amor é redondo, esférico, sem arestas.
O sim no amor é como o beijo – não se devolve um beijo.
O que enerva são as pessoas que dizem sim por educação e
depois vão desaforando a concordância ao longo da vivência. Dizem sim e se
arrependem aos goles, obliquamente, nunca revelando a sua verdadeira intenção,
procurando parecer algo que não é, agradando na aparência e discordando na
essência.
O sim no amor não é um talvez, não é uma possibilidade, não
é uma hipótese confortável entre tantas.
O sim no amor é a renúncia das demais respostas em nome de
uma só. Há quem fale sim da boca pra fora, esquecendo que quem escuta é do
coração para dentro.
O sim no amor é alcançar a confiança e não pedir coisa
alguma em troca, é manter a promessa mesmo na adversidade.
O sim no amor é inegociável, não muda conforme o contexto,
não se adapta à carência.
O sim no amor é libertador. Nada teme porque não exige nada.
O sim no amor é a âncora da memória, tudo pode ser levado,
menos este sim que fundou a convivência.
O sim, quando declinado, transforma o que foi vivido em
falso, contamina o romance com a paranoia.
O sim retirado é tão grave quanto uma mentira, é tão
agressivo quanto uma infidelidade, você nunca sabe se a pessoa apenas fingiu
somente naquele momento ou sempre.
O sim parcelado devasta a intimidade a dois: será que o
romance foi ilusão?
Porque o sim no amor é a união de dois sins, são sins
mútuos, é um diálogo, não uma decisão unilateral. O sim é o namoro de duas
certezas, o casamento de duas perguntas, não existe sim solitário.
Ao apagar o seu sim você estará assassinando o sim do outro
lado. Ao desfalcar o seu sim, você estará subtraindo o sim do outro lado. O
outro lado também é você.
Não falsifique o sim, o sim não é volúvel, o sim não é uma
opinião, o sim não é um desejo passageiro, o sim não é uma disfarce para pensar
com calma, o sim é um destino.
Você não diz sim, você é o próprio sim.
Se você busca contentar com um sim rápido não prevê o quanto
perderá o respeito se ele virar mais adiante um não.
Não declare o sim se não acredita. Melhor um não que mude de
ideia do que um sim covarde.
Fonte: Facebook
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