Sobre resorts e hotéis
Mr. Miles:
Gostaria de saber qual é a diferença entre um hotel e um
resort. Vejo, a todo tempo, propagandas que usam esses nomes, mas ainda não
entendi a diferença. O senhor poderia me esclarecer?
Luciana Macerani, por email
Well, my dear: em inglês, a palavra resort tem vários
significados. Escolho dois deles para ilustrar minha resposta. Resort significa
refúgio em determinadas frases mas pode, as well, ser sinônimo de solução — que
é uma coisa muito diferente, em outras. Muitos afirmam que a diferença entre os
hotéis e os resorts é a quantidade de serviços e diversões que esses últimos
oferecem. Para esses simplistas, os hotéis não ofereceriam nada além de
hospedagem — o que é uma leviandade, visto que qualquer bom hotel hoje tem um
spa, um bom restaurante, um business-center and so on.
Prefiro, therefore, a mistura das duas acepções que tirei do
dicionário de Oxford. Os resorts são, em geral, ao mesmo tempo refúgios e
soluções. A palavra, by the way, não era utilizada antigamente. Hoje serve,
sobretudo, para identificar um lugar que é um destino completo by itself. Por
exemplo: há muitos resorts na Jamaica e, unfortunately, não é preciso
ultrapassar os limites da propriedade para desfrutar de férias deliciosas.
Isso ocorre, sobretudo, com gente ligeiramente amedrontada,
que tem receio de ir a Kingston, encontrar os habitantes locais, visitar os
museus de gente do reggae e da marijuana. Há o risco de alguma violência? Sim,
sempre! Como há o risco de você se desentender com outro hóspede do resort na
fila do bufê — e, my God, a discussão terminar em violência generalizada.
Cancún nasceu com esse propósito: o de ser um resort, uma
espécie de gueto ou ilha da alegria no território mexicano — , onde você pode,
por muitíssimo azar, ser abordado por um traficante de cocaína ou picar-se
doloridamente em um cactus no deserto. Devo lhe dizer, darling, que o marketing
funcionou. A proteção de uma cidade feita para turistas acabou atraindo milhões
de viajantes do mundo todo. E, I'm happy to say, muitos deles decidiram ir além
da felicidade artificial de que desfrutavam—, no mínimo, conheceram belas
ruínas maias e, mais tarde, alongaram seus trajetos para a capital, as
maravilhosas cidades coloniais espanholas e as riquíssimas paisagens daquele
país.
Confesso, besides, que adoro o México, com todas as suas
variáveis, seus governos pouco confiáveis e sua população extremamente alegre.
É o Brasil de bigodes! E de sombreros!
Os resorts, portanto, são excelentes para esse propósito. E
nem todos, by the way, são grandes, populares e até exagerados em suas atrações.
Há resorts muito elegantes, tranquilos e discretos. Como o de Ponta dos
Ganchos, nas proximidades de Florianópolis, no nosso querido Brasil. Ele tem
apenas 25 bungalows de padrão muito sofisticado e, entre suas árvores, as três
pequenas ilhas que o rodeiam e a praia de dimensões reduzidas, príncipes,
artistas, empresários e desportistas famosos podem aproveitar suas férias.
Já estive lá, once, a convite de meu querido amigo britânico
Nicholas Razey, um dos sócios do empreendimento. Comi muito bem, li fartamente
e voltei feliz. E, veja bem, dear Lucy: o Ponta dos Ganchos não aceita
crianças. Para preservá-las dos riscos de sua topografia acidentada e, of
course, para poupar os demais hóspedes da algazarra, tão especial em resorts
feitos para o prazer dos pimpolhos. Espero, enfim, que a explicação possa tê-la
satisfeito. Não importa se for hotel ou resort. Importa que você fique feliz.
Fonte: facebook
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