sexta-feira, 8 de abril de 2022

MR. MILES


Faça da crise uma limonada
Nosso incansável viajante anuncia que vai ao nordeste dos Estados Unidos para comer lagostas e ver as folhas das árvores ganhando tons de amarelo, vermelho e laranja. Vai aproveitar para visitar Phillip Watkins, velho companheiro de lutas contra o Eixo, que está comemorando 95 anos e acaba de ter seu oitavo filho.
A seguir, a pergunta da semana:
Mr. Miles: adoro suas crônicas repletas de reflexão e ideias liberais. Mas tenho sentido falta de algumas dicas de viagem. Principalmente agora que o dólar está tão alto. O senhor tem alguma sugestão?
Ornella Barros, por email

Well, my dear: de fato faz tempo que eu não compartilho sugestões de lugares para viajar. Lugares que nem estão tão caros — até mesmo com o poor value do pobre real, cujo nome, I think, deveria ser mudado para presidencial, já que não há nenhum rei ou rainha envolvido com essa catástrofe.

Vou tentar esquecer a vida em libras esterlinas para dar-lhes alguns palpites. A Grécia, for instance — também em crise —, segue sendo um destino de grande valor e pouco custo — ao contrário de certas empresas aéreas que oferecem serviços de baixo custo a preços de grande valor. Quem de vocês não têm interesse em conhecer a praia mais bonita do mundo? Pois ela fica na ilha de Zakinthos (Zaquintos, em português, an awful name in my opinion), no mar Jônico e atende pelo nome de Navagio. Não tem mais de 200 metros de extensão e fica completamente cercada por uma falésia intransponível. Mas sua areia é branca como a neve e o mar azul como as geleiras. As fotos mais belas de Navagio são as feitas de cima — há uma estrada que leva até lá. Há hospedagem acessível e as passagens, mesmo as de barco a partir de Killini ou Katakolo, têm custo acessível.

Sobre o clima, don't worry: apesar do início do outono, a Grécia continua torrando como a sarça ardente. Mas não espere muito.

Ainda no campo do calor, outro lugar que merece ser conhecido (ou, at least, parte dele) é o Turcomenistão, cuja moeda, o manat, também não é lá essas coisas. É bom saber que trata-se de um país de atrações extremas. Uma delas, by the way, fica ao lado da aldeia de Darvaza (ou Darvaz), que tem apenas 350 habitantes e fica 260 quilômetros ao norte de Ashgabat (a capital do país). Localizado no deserto de Karaku —lembra o nome de uma cerveja que eu costumava tomar com o bom Braga (N.da.R.: Rubem Braga, escritor mineiro que viveu no Rio — , ocupa 70% do território daquela nação. É uma região rica em petróleo, enxofre e gás natural e sua principal atração é o lago de lamas ardentes que alguns conhecem como Portão do Inferno. Você pode vê-lo, tirar fotos, mas — please! —, não entre.

Não posso deixar de recomendar, as well — apesar de nossas desavenças antigas com os argentinos —, o curioso Lago Caviahue, no Parque de Copahue, província de Neuquén, na Patagônia. Trata-se de um caso raro de lago formado por um rio — o Agrio — que mudou de destino. Antes, ele ia rumo ao Pacífico, mas em função dos grandes movimentos tectônicos na região, decidiu partir na direção do Atlântico. O parque, o rio e o lago são lindos e, mesmo ligeiramente assediado por minha aparência britânica, estive por lá e guardei ótimas lembranças. A região fica na fronteira do Chile, justamente na área preservada de Bio Bio. Dê uma esticadinha até lá — mas não muito longa, porque a moeda chilena, as you know, é bem mais cara do que a Argentina. São, enfim, lugares exóticos e remotos que, for sure, não estavam na sua lista de prioridades. Pois faça da crise uma limonada e enjoy your trip!

Fonte: Facebook

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