Faça da crise uma limonada
Nosso incansável viajante anuncia que vai ao nordeste dos
Estados Unidos para comer lagostas e ver as folhas das árvores ganhando tons de
amarelo, vermelho e laranja. Vai aproveitar para visitar Phillip Watkins, velho
companheiro de lutas contra o Eixo, que está comemorando 95 anos e acaba de ter
seu oitavo filho.
A seguir, a pergunta da semana:
Mr. Miles: adoro suas crônicas repletas de reflexão e ideias
liberais. Mas tenho sentido falta de algumas dicas de viagem. Principalmente
agora que o dólar está tão alto. O senhor tem alguma sugestão?
Ornella Barros, por email
Well, my dear: de fato faz tempo que eu não compartilho
sugestões de lugares para viajar. Lugares que nem estão tão caros — até mesmo
com o poor value do pobre real, cujo nome, I think, deveria ser mudado para
presidencial, já que não há nenhum rei ou rainha envolvido com essa catástrofe.
Vou tentar esquecer a vida em libras esterlinas para
dar-lhes alguns palpites. A Grécia, for instance — também em crise —, segue
sendo um destino de grande valor e pouco custo — ao contrário de certas
empresas aéreas que oferecem serviços de baixo custo a preços de grande valor.
Quem de vocês não têm interesse em conhecer a praia mais bonita do mundo? Pois
ela fica na ilha de Zakinthos (Zaquintos, em português, an awful name in my
opinion), no mar Jônico e atende pelo nome de Navagio. Não tem mais de 200
metros de extensão e fica completamente cercada por uma falésia intransponível.
Mas sua areia é branca como a neve e o mar azul como as geleiras. As fotos mais
belas de Navagio são as feitas de cima — há uma estrada que leva até lá. Há
hospedagem acessível e as passagens, mesmo as de barco a partir de Killini ou
Katakolo, têm custo acessível.
Sobre o clima, don't worry: apesar do início do outono, a
Grécia continua torrando como a sarça ardente. Mas não espere muito.
Ainda no campo do calor, outro lugar que merece ser
conhecido (ou, at least, parte dele) é o Turcomenistão, cuja moeda, o manat,
também não é lá essas coisas. É bom saber que trata-se de um país de atrações
extremas. Uma delas, by the way, fica ao lado da aldeia de Darvaza (ou Darvaz),
que tem apenas 350 habitantes e fica 260 quilômetros ao norte de Ashgabat (a
capital do país). Localizado no deserto de Karaku —lembra o nome de uma cerveja
que eu costumava tomar com o bom Braga (N.da.R.: Rubem Braga, escritor mineiro
que viveu no Rio — , ocupa 70% do território daquela nação. É uma região rica
em petróleo, enxofre e gás natural e sua principal atração é o lago de lamas
ardentes que alguns conhecem como Portão do Inferno. Você pode vê-lo, tirar
fotos, mas — please! —, não entre.
Não posso deixar de recomendar, as well — apesar de nossas
desavenças antigas com os argentinos —, o curioso Lago Caviahue, no Parque de
Copahue, província de Neuquén, na Patagônia. Trata-se de um caso raro de lago
formado por um rio — o Agrio — que mudou de destino. Antes, ele ia rumo ao
Pacífico, mas em função dos grandes movimentos tectônicos na região, decidiu
partir na direção do Atlântico. O parque, o rio e o lago são lindos e, mesmo
ligeiramente assediado por minha aparência britânica, estive por lá e guardei
ótimas lembranças. A região fica na fronteira do Chile, justamente na área
preservada de Bio Bio. Dê uma esticadinha até lá — mas não muito longa, porque
a moeda chilena, as you know, é bem mais cara do que a Argentina. São, enfim,
lugares exóticos e remotos que, for sure, não estavam na sua lista de
prioridades. Pois faça da crise uma limonada e enjoy your trip!
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário