Mr. Miles: já sabemos que o senhor é um bom gourmet. Qual é a sua opinião sobre esses novos chefs da moda, que fazem tudo à base de espumas e reinventam os pratos?
Jonir Solimeu, por email
Exagêro seu, my friend. Um homem criado à base de kidney pies (N. da. R: tortas de rim, prato típico da Inglaterra), como eu, dificilmente adquire um paladar refinado. O que acontece — comigo e com meus concidadãos, I must say —, é que desenvolvemos, desde cedo, uma tolerância alimentar quase sem limites. Eis porque há tantos anos eu suporto a comida dos aviões com fidalguia e poucas vezes me lembro de ter rejeitado um prato, nem mesmo os muito estranhos e pouco saborosos. Três anos atrás, for instance, mr. Fifita, meu anfitrião em Tonga e sua mulher serviram-me um guizado de morcego, que é — acreditem — uma iguaria local.
Lembrei-me, of course, dos filmes de Drácula e dos castelos mal-assombrados que visitei na juventude. Estive a ponto de cometer uma indelicada desfeita quando someone told me de que se tratava de um quiróptero-não-hematófago capaz de se alimentar exclusivamente de frutas. Pois, fechei os olhos comi e gostei; if I remember, o bichinho tinha um suave sabor de manga.
Quanto a sua pergunta, tenho acompanhado com atenção as recriações gastronômicas que andam tão em voga (do you still use this word?).
Adoro renovações — desde que não afetem meu scotch, of course. Fui a famosos restaurantes espanhóis e achei os pratos extraordinariamente saborosos. Senti, however, uma certa falta de consistência nos alimentos. Muitos cremes, espumas, mousses — aliás perfeitamente adequados aos novos salões, onde os palitos foram abolidos como se já não se produzissem mais humanos com dentes. Never mind…
Confesso, my good Jonir, que ainda sou um pouco antiquado nesse particular, mas, for sure, vou acabar me acostumando. Quando estive pela primeira vez no Japão, antes da Grande Guerra, fiquei chocado ao conhecer um restaurante onde a comida vinha fria e o guardanapo, quente. Mas, aos poucos, tornei-me um fã da culinária nipônica.
However, confesso que tenho receio de que o meu cheeseburguer seja servido em uma taça de milk-shake. E, pior que isso: que meu milk-shake, reinventado, venha no formato de um sanduíche. Preciso de um pouco mais de tempo para amadurecer o assunto, I guess.
Fonte: Facebook
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