sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

MR. MILES


COLEÇÕES
Mr. Miles: lí, recentemente, que o senhor não gosta de ser chamado de “colecionador de países”. Entretanto, tendo a oportunidade de viajar tanto pelo mundo, existe algum tipo de coleção que o senhor faça?
Guilherme Canhedo, por email

Well, my friend, já houve um tempo em que colecionei os suvenires mais ridículos que encontrava. Desde um inexplicável elefante feito de lava do vulcão Etna, na Sicília até um abridor de latas apoiado sob as fundações do Taj Mahal. Sem esquecer, of course, de um criativo relógio de cuco finlandês que, hora após hora, exibia uma rena balindo (ou seria mugindo, ou zurrando?).

A inocência desses recuerdos, however, perdeu toda a graça quando os chineses passaram a fabricar praticamente todos os suvenires do mundo. Até as miniaturas do Big Ben, my God, são produzidas nas terras de Confúcio.

Eis que, mais recentemente, passei a cultivar um bar com produtos inesperados. Um gin produzido no Congo, for instance. Ou vodkas de origem tropical, como a arriscada Empress Club, de origem malaia e a inesperada Ilhoska, de Ilhéus, na Bahia, cujo rótulo ostenta a Catedral de São Sebastião, imponente como um basílica ortodoxa russa.

Confesso que fui me divertindo com essas descobertas. Da Namíbia, por exemplo, trouxe curiosas garrafas de vinho colombard e e ruby cabernet da marca Krystall Kellerei. Não sou um enófilo, mas senti um retrosabor de impalas nas uvas fermentadas entre as feras da região de Omaruru.

Minha coleção também possui vinhos do Uzbequistão que, por sinal, são muito agradáveis ao paladar. Guardo várias garrafas de Gulyankadoz em minha adega, especialmente os das safras de 1978 e 1983. E até bebo-os de vez em quando, experiência que só tive uma vez em minha vida com o whisky hindu Bagpiper. Apesar dos ganidos de advertência de minha mascote Trashie, ousei provar uma dose dessa infusão feita à base de melaço e fui acometido pela mais instantânea dor-de-cabeça de minha existência. Devo dizer, however, que o Bagpiper é o whisky preferido por nove entre dez artistas de Bollywood. Sanjay Butt e Shah Rukh Kahn, por exemplo, tomam-no cotidianamente.

Unfortunately, o espaço dessa coluna é pequeno para descrever a quantidade de preciosidades que tenho nesse peculiar depósito. Menciono que jamais provei o Arrak, um rum feito com arroz na Indonésia e, apenas uma vez, provei uma colher de chá do CJ, o célebre rum liberiano que atinge 86 graus de percentagem alcoólica.

Reservo-me o direito de não mencionar o que aconteceu em seguida.

Fonte: Facebook

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