O que ninguém disse sobre os imóveis de Lula
Com Trashie, sua mascote, sempre ao lado, Mr. Miles foi à Groenlândia mais uma vez, porque seu corretor de imóveis encontrou um possível endereço para o resort de verão que nosso correspondente pretende instalar por lá — de modo a ser pioneiro quando o aquecimento global transformar aquela região em "um novo Caribe". A seguir, a pergunta da semana.
Querido Mr. Miles: falando em férias, o que você acha do apartamento do Lula no Guarujá e de seu sitio em Atibaia?
Marlene S. Jafet, por email
Well, my dear: a sua questão é um tanto embaraçosa para um modesto viajante britânico como eu. Entendo muito pouco da política e de suas derivações. Não sou, sequer, um bom conselheiro para minha rainha e amiga, a querida Elizabeth II, cujo primeiro corgie — como é de conhecimento geral — eu mesmo tive o prazer de apresentar. Besides, como cidadão estrangeiro, sinto-me impedido de fazer comentários sobre governantes ou ex-governantes de outros países.
Não vou, portanto, falar sobre o seu ex-presidente, aquele que, certo dia, anunciou sua intenção de convidar nossa rainha para uma buchada de bode em Garanhuns — promessa, aliás, que ele não cumpriu.
Sinto-me apto, porém, para falar de suas escolhas imobiliárias. Ou melhor: de sua escolha como viajante. Já mencionei, há alguns anos, que considero a casa de praia (ou o apartamento) como um dos mais fortes inibidores para o surgimento de um viajante. Imagine, therefore, uma casa de praia e uma casa de campo — não importa a origem que elas tenham.
Talvez o ex-presidente sequer se preocupe com o tema. Quiçá não lhe falte oportunidades para viajar pelo mundo, mesmo tendo imóveis acessórios para cuidar. A maior parte das pessoas, porém, faz uma escolha definitiva ao decidir ter o que pode ser chamado de uma "casa de férias". Deve ser, in fact, um grande prazer. Mas só até que, passados dois ou três anos, o proprietário do imóvel de lazer descubra que, na verdade, ele é uma prisão inexpugnável.
Por possui-lo, o cidadão sente-se na obrigação, of course, de aproveitá-lo. Mas — exceto se ele for um presidente da República com outras opções — , isso significa que ele não vai passar as férias em um safári na África, num restaurante bordalês ou numa ilha do Oceano Índico.
Não, my dear: os felizes proprietários de imóveis na praia e no campo têm de utilizá-los sempre que tiverem um tempo livre.
And you know why?
Porque eles custam muito caro. Dão despesas enormes. São, probably, mais gastões do que amantes argentinas ou cavalos de raça. Veja bem: há que mantê-los. Há que cuidar de sua segurança. Há que ter alguém que apare a grama e tire a poeira. Ou, se for um apartamento, há que se pagar um condomínio. Os da praia, by the way, são ainda piores. As chuvas fazem as telhas correr. A maresia corrói uma geladeira por ano.
Feitas as contas, é mais que preciso aproveitar o imóvel com grande frequência. Mesmo que seja um feriado longo e o incauto saiba, de antemão, que pode ficar entre oito e doze horas na estrada; que haverá fila na padaria; que faltará água. Enfim: todos aqueles prazeres inenarráveis a que têm de submeter-se os donos de casas de férias.
Ah: é possível alugar o imóvel?! Tenho vários amigos que já o fizeram e arrependeram-se amargamente. Dobrou o número de geladeiras que eles adquirem a cada ano.
Enquanto isso, Paris está lá à espera dessas pessoas. E Londres. E Timbuktu. E as pirâmides de Gizé.
Oh, my God... Como devem arrepender-se essas pessoas. que, ao livrar-se do imóvel, descobrem o quanto vão perder com a revenda.
É claro que há exceções, darling. Não sei se esse é o caso de seu ex-presidente, mas há pessoas que simplesmente não querem viajar, pois julgam que já sabem de tudo — e todas as experiências do mundo serão incapazes de enriquecê-las.
De minha parte, continuo viajando e aprendendo. Por isso, faz muito tempo que não troco de geladeira.
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário