O turista do futuro
Caro mr. Miles: como um peregrino longevo, que já passou por diversos momentos da história das viagens, como o senhor imagina que será o turismo no futuro?
Hugo Montenegro, por email
Well, my friend: sua questão, ainda que novamente me faça parecer uma espécie de Matusalém de malas na mão, é, undoubtedly, muito interessante. Sou, as you know, um irremediável otimista e creio que o turista do futuro não vai encontrar barreiras para viajar. Ele poderá entrar e sair de onde quiser sem qualquer tipo de restrição e será bem-vindo como um vizinho querido que apareça para tomar a cup of tea.
Em nenhuma parte do mundo, um forasteiro será olhado com medo ou estranheza e nowhere, as well, o visitante agirá com desrespeito, porque aprenderá que, ao entrar na casa de um outro, estará levando seus próprios móveis para dentro. A democratização da informação, of course, aproximará os comportamentos dos povos e será mais difícil desfrutrar o encanto das diferenças, que tanta gente, nowadays, recusa-se sequer a compreender. Mas, por mais raro, esse prazer infindável, será ainda melhor saboreado, como acontece com os melhores single malts e os mais raros vinhos das sacristias. Besides, no futuro haverá, é claro, um número muito maior de atrações para ver, porque, além de os arqueólogos terem descoberto mais a respeito de nosso passado, tudo o que produzimos hoje já serão relíquias. E se o que fizemos de bom merecerá ser visto como marca de nosso talento, o que erguemos sem talento entrará no rol das atrações bizarras.
A comunicação será mais simples também, porque todos aprenderão muitos idiomas com mais facilidade, com métodos que saberemos criar depois que descobrirmos que o entendimento é o passo mais óbvio da globalização.
E a tecnologia, of course, trará grandes vantagens de ordem prática. Os deslocamentos, for instance, serão seguramente mais rápidos e menos dispendiosos. As malas vão se mover sozinhas e obedecerão aos comandos de seus proprietários, com a lealdade dos melhores cães. Ninguém precisará andar amarfanhado, porque haverá máquinas que lavem e passem a roupa em segundos. Os hotéis as oferecerão como item de cortesia em seus apartamentos,
Haverá aviões para cidadãos altos e baixos, gordos e magros, fumantes e alérgicos — os meios de transporte, portanto, respeitarão a diversidade humana. Enfim, meu caro, as coisas vão mudar muito. Mas, asseguro-lhe: enquanto houver alguém à espera, porém, as saudades, continuarão existindo. Isn’t it good?
Fonte: Facebook
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