O carimbador inveterado
O cartório era um primor de organização e limpeza. E o notário, um apaixonado pelo uso de carimbos e etiquetas. Na mesa dele havia dezenas de carimbos de todos os modelos e formatos. A maioria retangulares; alguns redondos. Sem faltar um em formato de losango, com a expressão "Ordem e Progresso", que era usado durante a Semana da Pátria.
As almofadas das tintas eram três: uma preta (para coisas mais comuns como o reconhecimento de firma por semelhança); uma azul (usada para autenticações de fotocópias) e uma vermelha (usada para casos de firmas autênticas no caso de vendas de veículos, recibos de quitação etc.).
A papelada era carimbada em todo o espaço possível. E quando havia interesse de incapazes, o escrivão apunha uma etiqueta gomada dourada, sobre a qual imprimia um sinete em alto relevo: "Cartório do Doutor...- Documento duplamente conferido por haver interesse de menor(es)."
De repente veio a lei de desburocratização - e muitos papéis que demandavam idas e voltas, carimbos e mais carimbos, não mais deles precisavam.
O tabelião ficou inconsolável; olhava com tristeza a sua coleção de carimbos agora inútil. Mas acabou por arranjar uma maneira inteligente de manter a sua “carimbação” em todos os papéis que por ali transitavam.
Mandou fazer um vistoso carimbo com os seguintes dizeres: “Isento de Carimbo”.
E continuou marcando documentos com seu novo carimbo.
Mas com um diferencial: a cor passou a ser verde.
Fonte: www.espacovital.com.br
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