O VÍRUS VIAJOR
Mr. Miles. Leio toda terça a sua coluna. Notável. Por oportuno, aproveito para consultá-lo. Já viajei por todos os continentes. Conheci muitas cidades, muitos povos. Vivi algum tempo na Europa. Não conheço a Austrália e o Taiti. Pretendo no próximo ano conhecer. Pode me dar alguma dica especial? Obrigado.
Oduvaldo Donnini, por email
Well, my friend: agradeço por sua fidelidade e folgo em saber que o prezado leitor já viajou por todos os continentes. As you know, meu maior prazer é compartilhar experiências e impressões com outros viajantes, inclusive aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de deixar suas fronteiras.
Já lhes disse antes que o germe que inocula o vírus viajor costuma fazer suas vítimas desde tenra idade. É, como qualquer outro, invisível a olhos nus, perigosamente contagiante e, usually, incurável.
As cepas desse micro organismo escondem-se nas páginas de livros, nas cenas de filmes e, sometimes, nas histórias que escutamos quando pequenos, narradas por tios queridos ou bons amigos que já se aventuraram mundo afora.
Nesses casos, I'm afraid to say, o contágio é quase certo. O vírus vem pelo ar, entra pelos ouvidos — ou pela boca quando estamos de queixos caídos — e instala-se em algum lugar entre o lobo temporal e o sulco cingulado que temos em nossos cérebros.
A boa noticia, however, é a de que seus sintomas são extremamente agradáveis. No começo, of course, sente-se um pouco de ansiedade positiva, já que há tanto mundo a percorrer e nunca sabemos por onde começar.
A propósito, my friend, perguntou-me certa vez a bela Louise — uma soropositiva para o vírus viajor —, por onde devia começar suas andanças: "Tenho vontade de ir para a Eslovênia, mas o senhor não acha que devo começar por destinos mais básicos, como Paris, Londres ou Nova York?" E eu lhe respondi que, para potencializar os sintomas do vírus como prazer, surpresa, felicidade e espanto, qualquer destino serviria.
E que, luckely, não existe qualquer ordem pré-estabelecida. Basta ir para onde quiser e depois seguir em frente ou voltar, porque o mundo inteiro está aí para saciar os atingidos pelo vírus viajor.
Therefore, dear Oduvaldo, a doença não é letal e tampouco tem sintomas desagradáveis. O máximo que pode acontecer é alguém ficar desafortunadamente parecido comigo, um desvairado cidadão do mundo, sem limites que não os do bom senso.
Tudo isso para lhe dizer que não sou um expert em dicas, mas preciso adverti-lo de que a Austrália e o Taiti são viagens completamente distintas, apesar da enganosa proximidade que ambos os arquipélagos parecem ter nos atlas e globos.
Para o Taiti, só vá se for casado ou estiver conquistando seu par. É, for sure, um destino eminentemente romântico. A Austrália, on the other hand, é um país continente, que tanto poder ser rapidamente visto em uma viagem de turismo, quanto merece ser explorada profundamente pelos que lá forem — sobretudo, by the way, os portadores do vírus já mencionado. Espero ter ajudado.
Fonte: Facebook
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