Charge de Gerson Kauer |
Silvio Santos e o juiz
O colunista escreve este Romance Forense desde Celebration -
uma espécie de nova cidade-modelo integrada ao complexo Disney (mas sem
Mickey e Minnie) - na Florida (EUA).
Orlando está entre os destinos mais procurados pelos brasileiros em
busca dos parques temáticos e ainda - mesmo com o dólar a R$ 2,40 -
atrás de pechinchas dos outlets.
Nos últimos tempos, pequenos grupos de visitantes do Brasil loucos
por televisão descobriram um novo cartão-postal. Muitos deles, quando
passam por um condomínio residencial próximo ao centro de Celebration,
não se contêm. Entram na área e se dirigem a um imóvel de dois andares,
estilo vitoriano e fachada branca, para se fotografarem com a casa ao
fundo.
O proprietário do imóvel é uma das personalidades mais ricas e
conhecidas do Brasil. Há onze anos, Silvio Santos adquiriu a residência
de cinco dormitórios, que vale cerca de 1 milhão de dólares — imóvel
modesto se levada em conta sua fortuna de 1,3 bilhão de dólares, segundo
a revista Forbes.
Desde 2003, Silvio voa para Orlando (em classe
executiva; nega-se a pagar passagens em primeira classe) e dali se
desloca para Celebration, nas férias, todos finais de ano. Em geral,
permanece ali por dois meses. Também escapa para lá sempre que é
possível.
Uma das histórias que melhor ilustram o perfil ultraeconômico de
Silvio remonta a uma viagem, anos atrás. Ele se distraiu ao volante e
passou um sinal vermelho. Um policial disparou ao seu encalço e lhe aplicou uma multa de 25 dólares.
- Não tenho dinheiro para pagar - disse Silvio, que foi então levado para uma delegacia.
O delegado não estava para conversa e foi objetivo:
- Ou paga, ou vai passar a noite na cadeia.
Feito o pagamento, Silvio foi informado pela escrivã de que seria
possível entrar com um recurso judicial bem simples e rápido, sem
necessidade de contratar advogado.
No dia seguinte, Silvio estava na frente do juiz, que lhe perguntou se era culpado ou inocente.
- I don’t speak English - disse, falando quase a verdade (ele domina apenas o básico do idioma inglês).
O magistrado não engoliu a desculpa de Silvio, de que se confundira com os semáforos, e passou-lhe uma descompostura:
- Não precisa falar inglês, para saber que um sinal vermelho no
trânsito significa, aqui, a mesma coisa do que no Brasil, ou na China.
Ao final, de tanto reclamar ao "judge" que o prejuízo
abalaria suas finanças, Silvio viu seu recurso ser provido na hora,
recebendo de volta da Fazenda Estadual da Flórida, 10 dólares.
Assim, a tal da multa ficou por 15 dólares. A história é contada em
detalhes por vários gerentes de hotéis de Celebration. E é pura
verdade!.
Fonte:^www.espacovital.com.br
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