sexta-feira, 2 de julho de 2021

MR.MILES


Perfume à bordo
Querido Mr. Miles: voltei de Miami recentemente na poltrona ao lado de uma senhora exageradamente perfumada, que, mais tarde, comprou novo perfume a bordo e voltou a encharcar-se e pela manhã repetiu a dose. Passei a noite enjoada, com dor-de-cabeça e sem saber o que fazer. Existe alguma atitude a tomar numa situação como essa?
Raquel Simon Caen

Well, my dear… receba, em primeiro lugar, meus cumprimentos pelo seu estoicismo e minha solidariedade pelo seu sofrimento. In fact, há pessoas que passam das medidas no convívio com seus semelhantes. Em um vôo entre Miami e o Brasil as pessoas estão, usually, em situação que beira a promiscuidade. Deveria caber a cada um cuidar de sua discrição e do mínimo conforto de seus vizinhos. Unfortunately, a cortesia é um valor em desuso, isn’t it?

Não conheço nenhuma lei ou norma que coiba o uso de elixires em lugares fechados e, honestly, seria contra mais essa proibição. Por dois motivos que explico. O primeiro deles — e mais grave — é que há uma crescente indústria de proibições vicejando em todos os setores da atividade humana. Estamos cada dia mais limitados e mais convencidos que é preciso limitar todos os demais. Só os advogados ganham com isso. Don’t you agree? A segunda razão, darling, é que, algumas pessoas sabem usar seus perfumes com sabedoria e não se tornam invasivas como sua stinky seat mate.

É claro que eu poderia mencionar, também, o fato de que algumas pessoas realmente precisam do perfume para mascarar exalações ainda mais desagradáveis, mas temo provocar os leitores que acham que tenho alguma rivalidade com os gauleses.

Anyway, Rachel, a lógica do perfume é muito semelhante à lógica do tabaco. Aromas que incomodam. O tabaco, as you know, foi banido por conta de sua vilania. Você reclama de enjôos e dor-de-cabeça. Se houver relação causa-efeito, alguém certamente criará uma nova proibição. A lawyer, of course.

Fonte: Facebook

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