Perfume à bordo
Querido Mr. Miles: voltei de Miami
recentemente na poltrona ao lado de uma senhora exageradamente
perfumada, que, mais tarde, comprou novo perfume a bordo e voltou a
encharcar-se e pela manhã repetiu a dose. Passei a noite enjoada, com
dor-de-cabeça e sem saber o que fazer. Existe alguma atitude a tomar
numa situação como essa?
Raquel Simon Caen
Well, my dear… receba, em primeiro lugar, meus cumprimentos pelo seu
estoicismo e minha solidariedade pelo seu sofrimento. In fact, há
pessoas que passam das medidas no convívio com seus semelhantes. Em um
vôo entre Miami e o Brasil as pessoas estão, usually, em situação que
beira a promiscuidade. Deveria caber a cada um cuidar de sua discrição e
do mínimo conforto de seus vizinhos. Unfortunately, a cortesia é um
valor em desuso, isn’t it?
Não conheço nenhuma lei ou norma que
coiba o uso de elixires em lugares fechados e, honestly, seria contra
mais essa proibição. Por dois motivos que explico. O primeiro deles — e
mais grave — é que há uma crescente indústria de proibições vicejando em
todos os setores da atividade humana. Estamos cada dia mais limitados e
mais convencidos que é preciso limitar todos os demais. Só os advogados
ganham com isso. Don’t you agree? A segunda razão, darling, é que,
algumas pessoas sabem usar seus perfumes com sabedoria e não se tornam
invasivas como sua stinky seat mate.
É claro que eu poderia
mencionar, também, o fato de que algumas pessoas realmente precisam do
perfume para mascarar exalações ainda mais desagradáveis, mas temo
provocar os leitores que acham que tenho alguma rivalidade com os
gauleses.
Anyway, Rachel, a lógica do perfume é muito semelhante à
lógica do tabaco. Aromas que incomodam. O tabaco, as you know, foi
banido por conta de sua vilania. Você reclama de enjôos e dor-de-cabeça.
Se houver relação causa-efeito, alguém certamente criará uma nova
proibição. A lawyer, of course.
Fonte: Facebook
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