TURISTAS VERSUS GATUNOS
O senhor já foi roubado em alguma viagem?
Edu Kirsch, São Paulo, SP
Well, Edu, vejo que você é um correspondente assíduo e muito me honram suas questões. A resposta, Edward, é of course. Não pense que esse tipo de coisa só ocorre no Brasil. Pessoas que viajam são sempre visadas por gatunos inescrupulosos. Talvez porque sejam facilmente identificáveis: andam com guias e mapas, costumam levar máquinas fotográficas penduradas e usam roupas que destoam da moda local.
Todo cuidado é pouco, my friend. Já tive a carteira furtada em dezoito países diferentes, mas meu bastão salvou-me de pelo menos uma dezena de outros pickpockets (N da R: batedores de carteira).
Certa vez, em Praga, acertei uma bengalada tão certeira num gatuno que ele desfaleceu. Em seu sobretudo haviam quatro carteiras de outras vítimas, que devolvi à Policia.
O problema maior, my friend, são as multidões. Lugares como a Fontana de Trevi, em Roma, a Plaza Mayor, em Madrid, a Notre Dame, em Paris são infestados de pequenos meliantes.
Não pensem que eles usam armas como os bandidos do Rio ou de São Paulo. Neste sentido, quase todos são inofensivos. Sua habilidade, em geral, são as mãos leves e um aguçado senso de observação para tirar proveito de qualquer distração dos viajantes.
Não tenha vergonha, Edward: use o dinheiro debaixo das calças, deixe os documentos originais no safe de seu hotel e você estará seguro.
Be careful com bolsas e pochetes. Fui cercado por um grupo de criancinhas angelicais em Florença e, enquanto três delas me pediam trocados, uma abria o ziper de minha bolsa imperceptivelmente.
Adoro crianças, you know, mas quando notei que iam levar o recipiente em que carrego minhas balas de alcaçuz, agarrei o menino pela orelha e passei-lhe uma descompostura. As outras crianças fugiram — eram ciganos, eu suponho — e o pequeno amigo do alheio pôs- se a chorar copiosamente.
Well, Edward, como tenho um coração de manteiga, soltei o menino. E dei-lhe as balas de alcaçuz.
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