Esportes radicais
Prezado mr. Miles: li sobre sua travessia nos Andes peruanos
e fiquei me perguntando: será possível que um viajante em idade tão avançada
seja adepto de esportes radicais?
Diego Junqueira Motta
Pois, se isso é o melhor que você tem a fazer, siga se
perguntando, my friend. However, à parte da deselegante referência à minha
idade, que, in fact, é avançada — no melhor sentido do termo —, não me furtarei
a responder à sua provocação. E o que tenho a dizer é simples: depende do que
se resolve chamar de esportes radicais. Nowadays, emprega-se esta nomenclatura
para qualquer atividade elementar. Qualquer riacho capaz de movimentar um
barquinho de papel já é motivo para se propalar uma “operação de rafting”.
Caminhadas como a que fiz, que provocam dores, torções e a eventual perda de
unhas nos dedões do pé são tidas como altamente radicais, quando não passam de
bucólicos passeios pelas montanhas.
Atividades de parque-de-diversão, como o bungee-jumping, em
que o único esforço do praticante é torcer para que a corda não se rompa — até
a isso há quem chame de esporte radical.
Recentemente estive na Costa Rica, onde vive minha prezada
leitora, a doutora e poetisa Maria Cristina Damianovic. Fui convidado a
praticar o canopy, uma modalidade local e extremada de arvorismo, que me levou
a deslizar entre as copas das árvores em cabos de aço, a velocidades de até 60
quilômetros por hora. Além de ter perdido um chapéu no trajeto, senti emoções
semelhantes às que vivi na velha montanha russa de madeira que havia em Ipswich
na minha infância. It was really fun, my friend. Mas confesso que não usaria o
termo radical para definir um simples episódio de frio na barriga.
Radical mesmo, fellow, foi percorrer o Saara sob as ordens
de Montgomery ou passar 306 dias esmagado no gelo Antárctico a bordo do
Endurance. Não era exatamente esporte, I must agree. Mas, olhando
retroativamente, confesso que só chegamos ao final de ambas as empreitadas com
muito fairplay. Hoje, considero que o esporte mais radical que existe — no sentido
de que é um desafio para os nervos, para a inteligência e para a concentração é
o baseball. Não me refiro a praticar essa modalidade. Mas a assisti-la! Oh, my
God! Sequer posso imaginar suplício esportivo tão formidável. Can you do it, my
friend?
Fonte: Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário