VÍRGULA: DOIS VERBOS E NÚMEROS POR EXTENSO
--- Na frase “quem ler, viaja”, há gramáticos que condenam essa vírgula, pois estaria separando o sujeito do predicado. Outros aceitam argumentando que não se deve repetir dois verbos. O que a senhora acha? Luiz Neto, Natal/RN
Acho que se pode – no caso de frases iniciadas com o pronome quem – quebrar a norma e usar a vírgula entre o sujeito e o predicado quando aparecem dois verbos juntos ou mesmo aproximados:
- Quem luta, consegue.
- Quem sabe, sabe.
- Quem for, verá.
- Quem não lê, não escreve.
- Quem lê bem, escreve bem.
- Quem ama, não mata.
- Quem diz sou, não é.
- Quem diz vou, não vai.
- Quem quer o melhor, escolhe XY.
- Quem diz não, é teimoso.
Não havendo problemas de clareza ou de estética, pode-se deixar a vírgula de lado, é claro:
- Quem não deve não teme.
- Quem ama não adoece.
- Quem tudo quer tudo perde.
- Quem dá aos pobres empresta a Deus.
--- Ao escrevermos “dois mil, trezentos e vinte e seis reais e doze centavos”, é necessário pormos essa vírgula? Luiz Neto, Natal/RN
Não é necessário mas é bem possível. O gramático Celso Luft advoga a colocação dessa vírgula depois de mil, pois é a marca da coordenação sem conjunção (“assindética”). Napoleão Mendes da Almeida, na sua gramática, também a usa. Exemplos:
- 22.501 = vinte e dois mil, quinhentos e um
- 4.455 = quatro mil, quatrocentos e cinquenta e cinco
- 3.440.205.528.367= três trilhões, quatrocentos e quarenta bilhões, duzentos e cinco milhões, quinhentos e vinte e oito mil,trezentos e sessenta e sete.
Com zeros, porém, é diferente. Usa-se o e: 1.400 = mil e quatrocentos; 4.005 = quatro mil e cinco.
Por outro lado, jornais modernos já não trazem a vírgula depois de mil, no que têm o respaldo do gramático Celso Cunha:
- 62.540 = sessenta e dois mil quinhentos e quarenta
- 293.572 = duzentos e noventa e três mil quinhentos e setenta e dois
- 3. 415.741.210 = três bilhões, quatrocentos e quinze milhões, setecentos e quarenta e um mil duzentos e dez.
Fonte: www.linguabrasil.com.br
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